A Passagem
 

Tal como os finais de ano, semanas santas também são ocasiões reflexivas, que nos levam a pensar sobre a vida e de alguma forma tentar ressurgir, deixando coisas mortas para trás. Já passei por muitas quaresmas e sempre saí dessas áreas desérticas voltando à vida mais forte. Ressurgida. As experiências que eu tive e também as que não tive fizeram de mim quem sou. O se não tem espaço em minha vida e não perco tempo com ele. Sou o que sou e gosto disso, se outras coisas tivessem sido eu não seria quem sou.

A Páscoa sempre foi para mim uma Passagem e não será diferente desta vez.

Nem sempre fiz as escolhas, foram elas que me fizeram. Não escolhi mudar para Lavras, não escolhi ser professora.  Ainda não conheci outra cidade onde eu achasse que seria melhor morar do que aqui, nem outra profissão que pudesse me realizar mais. Embora o salário seja pequeninho assim, o retorno foi enorme. Tenho um negócio que não escolhi, apenas fui ficando e se ele nunca me deu grandes lucros também não me deu prejuízos. Tenho um teto para me abrigar, Mr. Green para rodar comigo, embora isso esteja ficando cada vez mais inviável. Por isso posso dizer que minha vida está completa e se morresse hoje não teria grandes reclamações para fazer. Até já escolhi o meu epitáfio embora duvide que alguém se lembre dele – são versos de um poeta gaúcho: Vida, se eu exagerado, olhando para meu passado, era capaz de pedir bis. Então nessa Páscoa tomei a seguinte decisão: dedicarei meus próximos dias, que espero sejam milhares, a fazer duas coisas: Louvar ao Senhor e esperar o dia em que ganharei na mega sena acumulada sozinha.