Infantilis Delirium

Uma coisa que só me dei por conta há pouco tempo, todavia sempre existiu em todas as eras da humanidade, é de como o homem, não no sentido geral do termo, mas sim representado pela figura de Adão, quer regressar à sua infância. Fato que posso exemplificar por duas situações distintas, porém com a mesma finalidade.

Já tinha observado tempos atrás homens com seus carrões de verdade brincando com outros carrinhos movidos por controle remoto. O sorriso a iluminar rostos de ambos. Pai e filho em uma mesma sintonia na busca da diversão sem compromisso. Ademais o outro caso vi dias atrás. Logo no amanhecer da véspera de um feriado prolongado de Páscoa, um senhor junto ao seu aeromodelo, com certa dificuldade de pôr-o no ar, sobrevoou um campo de futebol. Abaixo de seu bigode, já branco pelo tempo, vi o mesmo sorriso feito por outras bocas masculinas.

Mas o que leva o homem a fazer isto? Talvez seja pelo fato dos olhos já cansados, do cérebro já esquecido, dos cabelos já sem sua cor original, fazer lembrá-lo do tempo esgotando-se. Volta-se no tempo e resgata-se com estas brincadeiras a percepção das primeiras sensações. Monteiro Lobato em seu livro “Mundo da Lua e Miscelâneas” define que o homem, aqui no sentindo amplo, quando desviou de seu “processo natural” veio consigo dois sentimentos: Nostalgia e esperança.

O mal representado pela nostalgia viria ser esta busca por sentimentos de bem-estar a preencher os espaços vazios deixados pela infância mal vivida. Já a esperança é o bem. Convencer-se de que mesmo crescido o homem sempre tentará voltar a ser criança. Em outras palavras. Uma eterna guerra interna entre o começo e o fim.

Chronus
Enviado por Chronus em 10/04/2012
Reeditado em 14/04/2012
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