A difusora da Igreja

 
Nos finais de tarde na minha pequena Triunfo, uma rotina me enchia de prazer e hoje de saudades. Era o som da difusora da Igreja Matriz que iniciava a programação da “hora do ângelo”. Aquele era o sinal de que estava na hora de ir tomar banho, se vestir melhor e após o jantar (muito cedo) ir passear na escadaria (construção antiga que fica no centro da cidade e era o local onde os jovens se encontravam para conversar, brincar, paquerar, dando voltas no seu entorno).
Invariavelmente eram as músicas de Padre Zezinho que tocava naquele serviço simples de comunicação, mas que alcançava com potência toda a cidade... “Um certo dia à beira mar, apareceu um Jovem Galileu... E mataram a Jesus de Nazaré...” Músicas como esta, marcaram definitivamente a minha vida. Ainda posso sentir a emoção que sentia naquelas tardes do início dos anos oitenta, início da minha adolescência, ouvindo novamente o Padre Zezinho. Não tenho dúvida, hoje, que aquelas músicas fortaleceram a minha fé: “... das muitas coisas do meu tempo de criança, guardo vivo na lembrança o aconchego do meu lar...”
“Ainda hoje ao cair da tarde sem muito alarde é favor dizer...” Sinto falta destes momentos ternos da minha infância que ao som da Difusora da Igreja me fiz mais cristão.
Sinto falta daqueles dias de muita paz... “Alô meu Deus fazia tanto tempo que eu não mais te procurava...”




* http://www.damisio.com.br/visualizar.php?idt=3621524 (texto c/ áudio)
Damísio Mangueira
Enviado por Damísio Mangueira em 19/04/2012
Reeditado em 19/04/2012
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