No Sebo do Ismael, o debate fervia e, claro, os copos se esvaziavam. Minha memória, acompanhando os copos, se esvaziava, sofria, coitada!, para lembrar trechos bons que me apoiassem a argumentação.
Mas nada como um fiozinho de lembrança e livros amontoados para se buscar.
     Ah, sim, o debate, claro: Ramos ou Rosa? E olha que nem se trata de botânica!
     Pois, então, era isso que fazia ferver a noite quente do sarau do Sebo, o que estava escrito na contracapa da 63ª. edição de Angústia, do Ramos, revista e lançada pela editora Record:
     “Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer”.