A Luz

Acordado, se sentia mais lúcido que nunca. Com o coração apertado, por falta de liderança na busca pela verdade, percebera que em foco ou ainda, mais vivas que suas infidelidades, as insinuações estavam em sua frente.

Já observavam os mais espertos que havendo esmola demais o santo desconfia. Por quais razões o amor absorveria tanta dor?

Sem parecer frágil, íntimas já eram as dúvidas mais dilacerantes. Além de maçantes, permaneciam sob a fraca luz do ambiente.

A razão não existia, apenas foi o que havia de ser. Quem seria o culpado?

A sinceridade se torna hipócrita apenas por existir em sociedade.

A situação era essa. Traído, absolutamente enganado. A traição fora compensada por várias outras traições antes dela já feitas. Estas lhe mostravam apenas que a troca de parceiros não era só real, como inevitável.

Como o jogo de cena mais clichê, a noite passava em câmera lenta.

Porém não só tendo tudo sob encaixe, naquele instante a situação por si só, já se explicava.

Incrível como na ausência de fatos e provas que a contextualidade se apresentava.

E mais apaixonante era a contradição, que em amizade com a certeza, tornava os motivos essenciais.

A dor dilatada pela consciência tornou a noite mais bela, mesmo sendo ela triste.

Amanda Fontenelli
Enviado por Amanda Fontenelli em 30/01/2007
Código do texto: T364095