P E S A D E L O

PESADELOS PRÉ FABRICADOS

jTorquato

Foi no meio da confusão do mercado, pediram para comprar um maço de cigarros, e eu estava procurando a birosca que não tivesse cigarros paraguaios, tava difícil.

Quando do barulho me virei e dei com uma cena horripilante: um veiculo pesado rebocava outro na estrada de ferro, o veículo rebocado despencou sobre a multidão na feira do mercado, me virei para não presenciar a carnificina, corri pelos becos, quando fui atraído por gritos horripilantes num primeiro andar de um bar, corri mais ainda e dei comigo num beco sem saída, parecia um matadouro clandestino, havia muito sangue e eu escorregava.

Ouvi um leve barulho e me virei para dar com um homem se balançando desesperadamente, enfiado numa estaca de ferro pregado na parede, estava a uns 20 centímetros do chão, esperneava e me olhava com olhos a sair da cara.

Fiquei apavorado e queria sair daquele lugar, dai com uma estrutura que parecia bebedouro de cavalos, de cimento, cheio de pedaços de intestinos, pernas, mãos e cabeças sem olhos, sangue por todo lado. Eu nem tinha mais como me espantar, estava em estado de choque, paralisado e surdo.

Dei comigo rindo, pedindo cigarros e andando pelos trilhos do trem onde mais adiante havia aglomeração de gente pisando gente espatifada. Não queria ir por lá, mas meus passos não me obedeciam.

Este quadro dantesco ainda estava em meu cérebro quando acordei.

Tá certo que as notícias de degolamentos em Goiás, da carnificina no interior de Alagoas e outras do gênero devem ter contribuído para este pesadelo. Mas me pergunto:: porque?

Porque não posso, não podemos como qualquer ser humano sadio, ter um sono tranquilo, onde namoramos, trabalhamos, festejamos, torcemos, rimos e cantamos?

A Resposta está na Inumanidade que assola o mundo, a violência absurda, descontrolada e vulgarizada, sob olhar complacente das autoridades que preferem dar mais atenção as fofocas de bastidores do poder e sua ascensão mesmo por sobre tudo e todos, usando a corrupção. Enquanto o país afunda na lama da violência.