A Estranha

"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música".

Friedrich Nietzsche

Ela tinha aquela mistura de bem e mal.

Acho que estavam certos sobre isso, pois nunca havia visto alguém que admitisse algo normal naquela menina. Sempre foi calada demais, tímida demais, não sabia falar.

Se houver destino podemos supor que estaria condenada a viver nessa prisão.

Ela não gosta de sertanejo, de ver o Big Brother Brasil e nem o Raul Gil. Não gosta de conversas demoradas, de visitas que vem sem avisar e principalmente que entrem no seu mundo.

Não frequenta bares, não fuma, não bebe e pasmem, nunca se drogou. Cara, ela é mto estranha. Nunca fui num show de pagode e nem curte a banda Calypso, Joelma para ela é apenas aquele edifício que pegou fogo.

Que treze.

Por que ela tinha que contrariar? Já haviam feito planos demais e agora estava tudo desmoronando. Que rebelde. Estranha. Não sabe conviver em harmonia.

Porque tem essa mania irritante de pensar? Mulher precisa disso? É só seguir aquele caminho e pronto.

O que as pessoas nunca entenderam é que precisa do triplo de coragem para desviar a rota e refazer o caminho. Aquele caminho onde os erros fazem parte da dinâmica da vida.

E se ela quiser errar, cair, levantar, novamente errar, assim, vivendo toda sua insanidade?

Só vai entender quem conseguir tirar o olhar do chão.

E assim, ela elegeu para si um mundo - o mundo dos estranhos.

Podem chamá-la de louca...

Louca e estranhamente doce.

Luciana Bruder
Enviado por Luciana Bruder em 04/05/2012
Reeditado em 04/05/2012
Código do texto: T3648546
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