EU E MINHA MÃE...

Enquanto filha, via em minha mãe uma mulher forte; adulta, que tinha como único direito, o de ser mãe. Hoje como mãe, percebo que essa visão só é aceitável por quer eu criança, não sabia e nem entendia, como é ardorosa e difícil a tarefa de ser mãe.

Ser mãe é muito mais que carregar em suas entranhas, por alguns meses, outro ser; ser capaz de parir, de amamentar. Ser mãe é tirar um pedaço de sua vida e doar a outrem, mesmo que esse ato signifique a descontinuidade de sua própria vida. Assim, ser mãe é não ter mais só a si mesmo, agora, é ela e mais alguém, totalmente indefeso, carente de atenção e cuidados; um ser que a única linguagem que conhece é a do choro e a das próprias necessidades, isto é, um egocêntrico.

Este novo ser tão indefeso e pequenino, se torna o dono e o centro de tudo: eu sou o/a rei/rainha da cocada preta desta família agora, movam-se! mexam-me! - Estou com fome! Estou com calor! Estou de coco! Minhas fraudas estão molhadas! - Risos. Pois é, o ser humano nos seus primeiros anos de vida, o mundo não vai além de seu próprio umbigo. Então, acredito, que por isso, é dado as mães, além do dom da vida, o conhecimento da psicologia e de todas as ciências humanas. E, muita, muita mesmo, paciência; compreensão, e a maior de todas as suas qualidades, amorosa. Acredito também, que talvez, venha dessa fase entre mãe e filho/a, a seguinte frase: "Ser mãe é padecer no paraíso".

E acreditem! Minha mãe não fez só uma doação de si, mas, oito doações, oito filhos. Quando ainda quase uma adolescente (com vinte oito anos). Talvez, eu, primogênita, não tenha passado pela fase do egocentrismo, e por isso, minha mãe, fez tantas doações de si, risos. Oito “pimentas” para cuidar, e não se espantem, dizem as más línguas, que eu, era e sou a “pestinha”, não sei por que... risos. E fazendo o contrário da minha mãe, não fiz mais que duas doações, tive duas crianças, uma menina e um menino, já é mais que realizador.

Porém, deixando de lado a entregação... Falo sempre: se fosse dado a mim o direito de escolher um novo nascimento, e assim, uma nova família, escolheria sim, a mim, eu seria diferente; mas a minha mãe seria a mesma; mil vezes eu tivesse o direito de renascer, mil vezes minha mãe seria D. Francisca, paraibana arretada, abusada, e muito braba! Eu amo a minha mãe!

Como mãe, acredito que meus filhos não tenham muito do que reclamar. Sou do tipo que dou a vida pelos meus filhos, isso é coisa de mãe. Qual é a mãe que não daria a vida pelos filhos? Todas! Acredito, eu. A educação dada aos meus filhos, em parte, dei continuidade a que mim foi dada por minha mãe.

Mãe, minha mãe, a primeira maravilha do mundo, material e divino. Água que dá vida, sonhos, encantos, sabedoria. Seus filhos, essências suas, que transformam seus encantos em cantos, seus sonhos em realidades. Filhos felizes e realizados, esse é o maior sonho de todos os sonhos de uma mãe.

Assim, somos duas gerações diferentes, unidas por laços de sangue, onde uma é a essência da existência da outra. Eu e minha mãe, juntas-separadas que, só o amor de filha e mãe, transcende distância, e a ausência em constante presença, sempre! Mãeeee! Feliz Dias das Mães! Que todos os dias sejam teu dia, nosso dia!

Edna Maria Pessoa

Natal-RN, domingo, 06 de maio de 2012