A lua cheia
 
Na noite do sábado, dia 5 de maio, foi possível  contemplar o mais belo luar desse ano. Segundo noticiado foi o momento no qual a lua estava mais próxima da terra e por isso, se fosse possível dizer, a lua cheia estava mais cheia. Eu a contemplava e me recordava das luas cheias de tantas Páscoas que celebrei, parte ao ar livre e parte em torno da mesa eucarística, mas que teria gostado de celebrar todas na natureza. E me lembro de como em alguns anos, a lua cheia (a primeira da primavera do hemisfério norte) é o primeiro anúncio de que chegou a Páscoa. Agora já faz um mês e ainda curto aquela noite para mim maravilhosa e densa de mistérios e de amor. Lá em Minas, na Serra Clara, começávamos sempre indo em procissão ao bosque e cantando: "Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver e a primeira estrela que vier, para enfeitar a noite do meu bem...". Como pensar que Dolores Duran, a compositora e cantora dessa música não era uma mística? "Eu já nem sei se terei no olhar, toda a ternura que eu quero lhe dar"...
No sábado. lembrei de tudo isso ao olhar a lua e conversando com minha mulher e  um grupo de amigos . E eu contei a história do sertanejo brabo, cuja filha queria namorar, mas só podia encontrar o amado quando o pai ia para o mercado e ela como sinal para o rapaz chegar sem riscos combinou com ele de pôr um jarro de flor na janela da casa. A mãe via o jarro na janela e não compreendendo por que, tirava o jarro da janela e o colocava na mesa. A filha via e punha de novo o jarro na janela. Para a mãe o jarro na janela era um simples jarro na janela. Para a moça, era sinal que anunciava o encontro amoroso pelo qual tanto ela ansiava. Para ela o jarro na janela era um sacramento. Se vocês entenderam isso, entendem o que é um sacramento, a água, o pão e o vinho, o óleo, etc, tudo isso tornados sinais e instrumentos do amor. No caso dos sacramentos de Jesus, sinais e instrumentos do amor divino. Mas, será mesmo que a missa que hoje é celebrada toca no rapaz ou moça que entra na Igreja como sinal do amor divino para ele ou ela, uma espécie de jarro na janela a dizer que o amor maior nos espera?
Oxalá!