Balada Pós Namoro

Porque nem só de depressão, músicas românticas, orgulho ferido e lamentações vive a recém solteira!

“Ah não! Meu namoro terminou! É o fim do mundo! Chamem o psicólogo!”… Quem nunca falou isso, né? Todo fim de relacionamento é uma droga! A gente fica triste, chora por estar triste, fica mais deprimida ainda por chorar e por aí vai. O fim do poço só acaba quando erguemos nossas cabeças e aceitamos o fato de merecermos um pouco de felicidade. Logo, queremos sair, conhecer pessoas novas, reforçar as amizades antigas e claro, voltamos a frequentar a balada. Eis a inspiração para escrever essa joça (que acreditem se escreve com Ç mesmo): a volta pra balada.

O retorno triunfal acontece geralmente quando alguma alma bondosa se comove com sua situação “depressiva/amorosa” e te convida para sair. O que admito ser meio difícil nessa época, já que pelas “Leis de Murphy” todos os seus amigos estarão namorando quando você estiver solteira. Mas supondo que você tenha um pouco de sorte, algum ser solidário aparecerá e provavelmente um amigo gay, pois amigas lésbicas raramente vivem solteiras (vide “Leis de Murphy”).

Depois de você esperar mais de uma hora de atraso dele, que estava se arrumando dignamente enquanto você vestiu sua calça jeans, sua camiseta e seu tênis em 3 minutos, vocês dois partem animadamente para a balada. Claro pelo caminho todo falarão dos problemas amorosos de cada um, mas a animação continuará a mesma.

Chegando na balada, a primeira reação é sempre ficar sossegada. “Não vim aqui pra ficar com ninguém. Quero só beber e me divertir.” é o pensamento. Então você segue o caminho da felicidade: o bar. Faz um brinde com seu amigo desejando uma vida feliz, mas na verdade desejando que sua ex pague por tudo que fez contigo, que ela corra atrás, que seja esnobada friamente e que tenha o coração detonado, arrasado e em pequenos pedacinhos… Ops! Voltando…

Após uma hora, o álcool começa a fazer seu efeito milagroso. É a felicidade dentro de um copo e enfeitada por um canudo! Você faz amizades no banheiro, acha que é a Shakira na pista de dança, fala outros idiomas, manda beijo pro DJ e pros seguranças, agradece de coração toda vez que o barman serve sua bebida e como não poderia faltar, vem a louca vontade de beijar alguém. A questão é: quem?

Um rápido olhar para a pista de dança e só enxerga-se gays imitando a Lady Gaga e interpretando a Adele. Todas as mulheres presentes estão acompanhadas ou tímidas demais para demonstrar algum interesse. Aí vem a incrível ideia de perguntar para seu amigo se existe alguém para lhe apresentar. Ele dá aquele sorrisinho promíscuo e diz que já volta. Você então fica na espera toda ansiosa até que um rapaz desconhecido se aproxima e diz que uma amiga dele quer te conhecer.

Nesse instante, seu ego infla além do seu peito e seu orgulho volta com uma força incrível. Você segue-o para avistar sua pretendente de longe, mas basta alguns segundos olhando-a para toda a decepção voltar. É a maldita baranga que dava em cima da sua namorada quando vocês ainda estavam juntas! “Como ela ousa pedir para ficar comigo??? É o fim do mundo de novo!!! Ah, eu devia era ir lá e dar uns tapas nela e…” Ops de novo! Voltando… Educadamente, você disfarça sua raiva e pede para o amigo dela avisar que você não está afim e que foi para a balada só para dar risada mesmo.

Grande mentira! Afinal com o tanto de bebida que já consumiu, está mais carente que cachorro que cai da mudança e nunca mais encontra o dono. Seu estresse diminui assim que você enche o copo novamente e seu amigo volta com aquele sorriso de sucesso. “E aí? Conhece alguém?”, você pergunta esperançosa. “Não, mas eu fiquei com aquele carinha de verde. Ele é um gato, né?”. Pausa para respirar fundo sem bater nele e dez segundos de silêncio depois, você acha a solução bebendo o copo todo de uma só vez.

“Eu não preciso que ele me arrume ninguém!” é o próximo pensamento. Você está tão bêbada que além da felicidade e do orgulho, a confiança também volta do além! De repente, olhando novamente pela balada, lá está ela! No meio daquela roda de gays, com um sorriso tímido e cantando Madona discretamente… Ah, uma gracinha! (vide Hebe Camargo) Então, você começa a olhá-la quase que a todo momento para ver se há algum feedback. Comenta com seu amigo sobre ela, faz de tudo para ficar mais próxima e resolve beber mais uma para ficar o mais relaxa possível.

Eis o grande erro! A bebida que até agora estava ao lado contra a timidez e a tristeza, começa a jogar a favor da sonolência e da náusea. Seu amigo, bêbado demais para te socorrer e agora ficando com outro cara, te deixa sozinha e você acaba indo conversar com o primeiro ser humano sóbrio que vem na frente: o moço do caixa. (Porque “moço” e “moça” são os nomes mais fáceis de se pronunciar quando se está alterado e se quer chamar algum funcionário da balada).

Perguntas como: “Mas eu posso pedir nota fiscal paulista quando for pagar?” ou “Deve ser um saco aguentar pessoas bêbadas, né?” são de praxe. Começar a falar dos seus problemas amorosos para ele então são mais ainda! Ali você perde, além da dignidade e a chance de ficar quieta, minutos ou até horas e só quando a balada começa a esvaziar é que resolve jogar tudo pro alto e ir atrás da garota linda que chamou sua atenção.

Claro que no meio do caminho, seu amigo aparece mais bêbado que você e pede para ir embora, porque o último cara com quem ele ficou era um de seus ex e ele estava arrependido e mal demais para continuar ali. Numa última tentativa, você ainda olha ao redor para ver se a garota está por lá, mas ao ver que não está, resta apenas abraçar seu amigo e levá-lo para fora.

Como as “Leis de Murphy” nunca te abandonam, a balada não oferece a nota fiscal paulista, seu amigo vomita no seu tênis e lá fora, na última árvore antes da esquina, você encontra quem? A menina linda ficando com a baranga desgraçada lazarenta que dava em cima da sua ex e queria ficar com você horas antes!

Bom, no dia seguinte vem aquela ressaca moral e física que te devasta! Seu amigo leva seu tênis embora para lavar, você fica com aquele olhar meio aberto meio fechado, pensa ainda mais na ex, promete que nunca mais vai beber na vida e claro, que vai se dedicar ao trabalho e aos estudos decentemente para não perder mais tempo pensando em coisas que te fazem mal. “E balada? Nunca mais! Por que eu vou querer voltar em um lugar que… Espera, final de semana que vem tem outra? É open bar? Tô dentro!”. E é assim que acontece, né? Pelo menos até o próximo namoro.

Mahh Sanders
Enviado por Mahh Sanders em 11/05/2012
Código do texto: T3661962
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