O longo processo de individuação.

Por muitos anos, eu fui influenciado por grandes autores, mais detidamente da psicanálise, e, afinando mais, por um autor que considero grande mestre, apesar de seus postulados serem considerados místicos ou até, de certa forma, espirituais, Carl Gustav Jung... Afirmo, desde já, que não sou um psicólogo de carteirinha, nem exerço a profissão, sou tão somente um amador, um apaixonado por escritos interessantes, então, estou subscrevendo essas letras, não em forma de um artigo científico, mas na forma de uma coluna literária...

Jung atentava muito para a individuação, para o processo de diferenciação do todo, da sociedade, e, para a pessoa se desenvolver como um indivíduo, com as suas paixões, com as suas manias, e com o seu temperamento único... Esse processo, longo, e ás vezes doloroso, seria denominada de individuação...

Toda pessoa tem uma forma única de ver o mundo e de vivenciar as emoções e as situações da vida... Seguir este ou aquele padrão atenta contra a natureza interior, porque não existe pedra talhada na natureza, e todos nós, somos como se fossem como pedras, e cada qual com as suas diferenças, com os seus ângulos, com as suas imperfeições, e com a sua natureza constitutiva...

Vale a pena imitar? Vale a pena seguir padrões, etiquetas e outros protocolos sociais? Para a vida social, isso é válido, e facilita a convivência entre as pessoas, porque, do contrário, não existiria consenso... Mas, levando em consideração a vida pessoal, isso refoge, e muito, do conceito de ser espontâneo, ou até de ser feliz...

Dessa arte, esses padrões não seriam a nossa personalidade, nem a nossa natureza interior, mas máscaras sociais que usamos, para que, de uma forma, ou de outra, facilite o nosso convívio social... Muitas vezes, temos gostos e manias que são compartilhadas por alguns membros, mas que possam não ter a simpatia da maioria, e por aí vai...

Então, algumas pessoas preferem ficar na zona de conforto, e de serem queridas por todos, para evitar conflitos e antipatias... Mas, algumas pessoas acabam não se identificando com essas máscaras, porque elas não soam como reais, nem como genuínas, então partem para um processo de autenticidade, de amadurecimento e de definição de seus gostos e de suas posturas diante da sociedade, mesmo a contragosto da maioria... Esse processo (conforme instei por linhas outras) seria a individuação, a diferenciação do todo...

Por conseqüência, essa pessoa (conforme Jung,) tem que identificar o seu próprio ego, a sua própria máscara social, as suas sombras, a sua anima, para então encontrar o seu “self”, ou seja, a sua verdadeira natureza...

Ser autêntico e genuíno, mesmo nos dias atuais, é um ato de coragem, tanto no sentido de enfrentar a sociedade e a maioria, como não temer ficar só... Em toda sorte, deve ser encorajado esse processo, porque, quando enfrentamos, as pessoas que continuam em nossa jornada, passam não só a gostar de um falso eu, ou da máscara utilizada, mas da nossa própria essência... As pessoas, que são autênticas e que têm amigos, companheiros, esposos ou mulheres, não são admiradas por conta da sua falsa personalidade, mas estão ali acompanhados por pessoas que genuinamente simpatizam com as suas limitações, defeitos, manias, gostos e personalidade... Nenhum relacionamento, pautado em máscaras, tende a durar... Por mais que nossos defeitos tenham a tendência de assustar, ou de até afastar algumas pessoas, são justamente esses fatores, da nossa tentativa de sermos nós mesmos, e genuínos, que fazem com que outras pessoas passem a simpatizar com a nossa causa, e com a nossa personalidade única...