Fidel Castro e Hugo Chávez, as ilhas

Devido à necessidade de tratar-se de um câncer, o presidente venezuelano Hugo Chávez, está passando uns dias em Cuba, a terra do Fidel. Esse encontro bem como a geografia lhes cai muito bem.

Ambos têm em comum que são demagogos, ditadores, sonegam a liberdade de imprensa, violam direitos humanos, e quando falavam, “alugavam” suas plateias com discursos intermináveis derivados de suas idiossincrasias “anti-inperialistas”.

A diferença é que, enquanto Fidel se diz ateu, o Chávez hipócrita disse esperar que Deus permita que ele cumpra a missão que o “povo” lhe deu.

Padecendo mal semelhante, o líder cubano está afastado do governo desde 2006, quando, passou a bola “democraticamente” ao seu irmão, Raul.

Na verdade, ao negar a possibilidade de oposição, como faz Fidel Castro, e tolhê-la em suas manifestações, como se verifica em Hugo Chávez, esses chamam para si uma imunidade que nem Deus requer; a de ser incontestável, intocável. O que era a Árvore proibida senão uma possibilidade de “votar na oposição”?

Mas, nessas duas “ilhas” estão proibidas as árvores proibidas. Ironicamente o loquaz Fidel está em silêncio por longo tempo, talvez não tanto, quanto fez suas plateias aturarem suas doenças mentais que ele tentava vender como visão política.

Dou a mínima par esses ranços de direita e esquerda que não passam de cortinas de fumaça em detrimento da verdade, que, não raro, “canoniza” aos semelhantes mesmo que assassinos e demoniza aos opositores, ainda que honestos.

A mim parece que essa dupla convalescença seja uma graça inaudita de Deus, que dá tempo a essas “divindades”, para, quem sabe, fazerem seus mea culpas em tempo.

Sendo refratários a toda sorte de opiniões contrárias, tornam-se em si, ilhas psicológicas, cercadas por um mar de pretensão. Se fôssemos elencar mediante pesquisa quais valores mais caros aos seres humanos, sem dúvida, amor, verdade e liberdade, estariam no topo da lista.

Contudo, o que se comporta daquela forma, mostra desmedido amor próprio, que o impede de amar aos demais; vive seu total desapreço à verdade em virtude do interesse, e carece tolher a liberdade por medo que os livres revelem suas fraquezas.

Não sei se essa insegurança mórbida tem a ver com o surgimento do câncer em ambos, mas, que existem muitas doenças psicossomáticas, isso todos sabem.

Quão pobres são aqueles que alijam a si mesmos dos maiores valores! Duas almas tristemente ilhadas seja em Cuba, Venezuela ou onde for. E pensar que tem muitos intelectualóides brazucas que tecem loas aos tais...

Sem perceber, podemos em nosso âmbito de atuação padecermos o mesmo mal, quando vemos toda crítica como ameaça. Na verdade, alguns elogios desmedidos fazem mais mal que uma crítica honesta e ponderada.

Um dia passamos do tempo em que dependemos da aceitação de terceiros. Além disso, com certa dose de autocrítica, facilmente identificamos os exageros que acabam diminuindo seu valor, para quem aprecia a verdade. Viva a crítica, a interação, o contraditório! Ilhas servem mais para prisões, como sacaram os americanos em Alcatraz.

“Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las.” Sêneca