Sobre Guantánamo

Por mais polidos intelectualmente que sejamos, estamos sempre propensos a reações extremadas, pendulares; e não estou me eximindo dessa possibilidade. Aqui no sul, a dualidade é histórica; Caramurus ou Farrapos, Maragatos ou Chimangos, gremistas ou colorados, etc.

Diga alguém que o Grêmio não está bem, e presto um objetará: e o Inter, que grande coisa é! Fale outro sobre os exageros da democracia, e alguém logo acusará de defensor da ditadura; reclame dos excessos de sensualidade na TV, e logo nos acusarão de tolher a liberdade de expressão.

Enfim, ou somos uma coisa, ou, outra totalmente oposta, como se todos meandros da vida orbitassem ao oito, ou ao oitenta.

Digo isso por que escrevi um texto criticando Hugo Chávez e Fidel Castro, está aí para quem quiser ler, e dois Amigos que admiro, reclamaram ainda que de modo sutil; Ela disse, mais ou menos o que segue: “dos Estados unidos ninguém fala, porque são poderosos” depois verei, mas, o teor não foge muito a isso; ele, disse aguardar minha opinião sobre Guantánamo.

Mesmo os admirando e respeitando, identifico aqui traços dessa dualidade extremada que às vezes soa desinteligente. Seria como se minhas opções fossem; ser pró-Cuba, ou Estados Unidos.

Na verdade, não sou uma coisa nem outra; aliás, vou reproduzir aqui uma frase do texto citado que acho que passou despercebida. “Dou a mínima par esses ranços de direita e esquerda que não passam de cortinas de fumaça em detrimento da verdade, que, não raro, “canoniza” aos semelhantes mesmo que assassinos e demoniza aos opositores, ainda que honestos.”

Isso por si só, elimina qualquer “beatificação” Yanke. Se lerem com atenção meu texto, ele censura a falta de liberdade de expressão, a megalomania dos ditadores, e também, a violação dos direitos humanos. Ok, mas essa ultima acusação se verificaria também em Guantánamo, na base americana. Certo, ninguém nega isso.

Todavia, a liberdade democrática lá é tal, que os próprios americanos criticam e combatem, e isso eu gostaria de ver em Cuba e na Venezuela.

Aliás, circulam na Net denúncias, a meu ver bem fundadas, que o 11 de setembro foi uma grande farsa americana para justificar os ataques no Iraque e Afeganistão, do quê, não duvido nada.

Quem assistiu ao documentário Farenheit, viu o que foi, e pode ser dito pelos próprios americanos. Então, nem carece que eu fale se os nativos fazem melhor que eu. Em suma, não sou a favor de Cuba, Venezuela nem Estados unidos; gosto da verdade em toda parte, bem como abomino a mentira nas mesmas paragens.

Essas reações extremadas aliás, estão na moda no caso do movimento gay versus evangélicos. Ou aceitamos que eles “interpretem” a Bíblia, ou somos homofóbicos. Nem uma coisa nem outra; não reconheço como apto a interpretar a Palavra de Deus quem não a obedece, tampouco nego-lhes o direito de agirem como quiserem,desde que meu igual direito seja respeitado.

Os chineses têm por filosofia o chamado caminho do meio, que seria o equilíbrio; mas, no caso do pêndulo, passa mui rápido pelo meio, e demora-se mais nos extremos, pois, lá, reverte seu balanço.

"A sinceridade e a generosidade se não forem temperadas com moderação conduzem infalivelmente à ruína." (Tácito)