JOSELITO E A IGREJA DE PAPEL

Joselito crescia e aos onze anos chegou à época de fazer a catequese, preparando-se para a primeira comunhão. Essa foi a primeira atividade que, fora da escola primária, permitiu ao menino sair da casinha de interior onde morava e adentrar-se, uma vez por semana no vilarejo próximo, onde ficava a Igreja Sagrado Coração de Jesus. Para ele era um grande passeio!

Todo o sábado, banho tomado, lá ia ele sempre acompanhado de sua irmã caçula, Mariazinha. Essa então contava os dias para chegar o momento de colocar sua saia alaranjada, a mais nova, e grudada na mão do irmão pegar a estradinha que os levaria à igreja.

A catequista, Dona Lurdinha, recebia a criançada com um sorriso aberto. Mas apenas um. Pois logo adotava uma postura séria, que não deixava dúvida, na cabeça dos pequenos, de que estava ali uma representante dos céus. Ela falava das maravilhas de um paraíso distante e da necessidade de obediência a tudo e a todos o que evitaria muitos, muitos castigos...

Joselito, que normalmente já era um menino quieto, nesses momentos transportava-se para as nuvens, e rodeado por figuras angelicais, ficava lá encima, onde acreditava estar bem junto ao Senhor Jesus, do qual tanto a catequista falava. Mas ele não se permitia ficar muito tempo nesse devaneio, pois havia prometido para a mãe não desviar a atenção de Mariazinha, que nessa hora, escondia-se embaixo do banco comprido de madeira rústica...

Aos alunos da catequese era recomendado que participassem da Santa Missa Dominical. A eles também era dado um álbum com a foto da igreja. Construção bem nova. Esse álbum era um quebra-cabeça para os alunos montarem. Joselito, como as demais crianças, a cada missa que participava, ganhava uma parte do quebra- cabeça. Montando-se, desta forma, a igrejinha de tijolo à vista. E aumentando, também, a cada peça do quebra-cabeça colocado, a fé do menino no criador e o tamanho da sua igreja interior !!!!!