POR UM MOMENTO

Até na falta de inspiração tento buscar uma palavra solta que lembre uma tonta inspiração. Num lampejo de tempo, contemplando um final de tarde quente, as idéias se espalham ao vento escasso de agreste e não consigo catá-las: voam alto. Concentro-me, obstino o alvo: que infelicidade.

É comum a todos os mortais os momentos: cada qual tem os seus tormentos desdobrados em breves ou longos momentos. Mas, o maior tormento para aquele que é um confidente nato das palavras é quando essas pupilas silenciam... Se escondem nas entranhas do inconsciente... Deixam-se esquecer num oceano vão...

E vem a desilusão... Falta a inspiração. Por mais que busque, revire o amontoado de experiências acumuladas , tudo se esquece... Por um momento... Breve momento de tormento para um tormento de um atormentado.

Agradeço porque são momentos. Desses que te deixam triste, pensativo, inconseqüente, absorto num parecer sem sentidos. Tanta confusão, tanta desilusão, só pode gerar uma pobre alma confusa. Esta, prisioneira cativa das expressões, sofre ao emudecer do momento. Eu resignado, me contento.

Não tenho a inspiração ideal para este tempo. Queria escrever algo a contento, mas, tento; invento... O que posso fazer?

Este em que toda inquietação se dobra diante da brisa suave que emana num final de dia... brisa a esfriar minha face lívida.

Poderia falar de tudo... não desejo.

Descrever sobre o Aquecimento Global... O que importa! Já se fala demais... Não interessa aos mortais sinceros.

Quero viver intensamente este momento em que me sinto vivo e aliviado após um longo dia de preocupações mil de uma era moderna temperada pelo calor do verão rígido.

E, a balançar sobre esta rede, curtindo a sonata dos ventos sem direção certa, ao cair da tarde me detenho, sem pensamentos, sem inspiração.

As palavras... Deixo cessar. Por um momento.

Por um momento. Só por um momento.

03 de Fevereiro 2007

José Batista