Alimento Indigesto
Anoitecia e tudo parecia escabroso. O vento adquiria garras e arranhava minha janela. A lua, de cara enferrujada, olhava-me com rancor. O frio, de tão intenso, enrijecia-me os nervos e para todos os lados ouvia-se o piar de aves agoureiras e gritos fantasmagóricos despertados pelo meu imaginário. As horas em marcha lenta pareciam estar em greve contra o dia, que do outro lado do globo, cumpria sua missão Cósmico-gravitacional.
Enquanto isso, eu continuava submerso em pesadelos, onde todos os sons, todos os ruídos por distante que fossem, pareciam estar ali em meu recinto, transformados em falas, passos e assombrações. Poderia ter sido uma noite de terror, se eu não tivesse ouvido o meu “Eu” racional que me falou:
Todos estes fantasmas que rondam tua casa e afugentam teu sono, nada mais são, que convidados teus. Somente tu poderás afugentá-los.
De fato, mudei meus pensamentos e os desconvidei. A noite voltou a sua normalidade e aprendi a lição:
Não gerencie negatividade em torno de si. O mal se alimenta do próprio mal.