GRAÇAS AO CELULAR

Estava esperando a Teresa (esposa) sair do trabalho, sentado em minha moto e na mira de visão vejo um comitê de um candidato a deputado federal e logo abaixo a sua foto, toda retocada de photoshop a de um candidato a deputado estadual . Por minha sorte, o candidato a deputado estadual estava presente (graças a Deus), acompanhado de um folclórico vereador que sempre é simpático (quando lhe convem), amoroso (quando lhe convem). Todos, no comitê, estavam armados com seus telefones celulares nervosos, e por incrível que pareça, eram acionados por toques diversos, no momento em que não queriam atender um eleitor ou de um de seus fiéis escudeiros. Bom lembrar dos fiéis escudeiros, sempre esperançosos, que ficam esperando as migalhas caírem para poderem se alimentar do banquete do poder, e era composto por seis: dois marombeiros, um deles conhecido; um advogado que deu para perceber se tratar de um, pela conversa em voz alta a respeito de uma ação civil pública; um gordinho que só ria, acredito ser essa a sua função; um motorista e uma senhora hiperativa, de aproximadamente 60 anos, que parecia ser a secretaria. O vereador estava excitado precisava a todo custo mostrar a sua popularidade, e fazia da forma mais odiosa. Quando passava alguma pessoa ele gritava: “venha até aqui, que eu quero te apresentar uma pessoa”. E o eleitor, com cara de eu sou importante, alguém me deu atenção, ouvia a conversa do vereador. Deu para notar que o vereador sempre falava para o candidato a deputado federal: “este aqui é meu primo”. E num primeiro instante, as atenções eram totalmente voltadas para as reivindicações do iludido eleitor, até que o candidato fosse salvo por um simples toque do seu inseparável telefone celular.

Itaperuna, agosto de 2006

Marcos Lacerda

kikoss
Enviado por kikoss em 04/02/2007
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