O melhor tio do mundo é o meu!

Herdamos nosso gosto musical de nossos pais, avós e tios. Aquele gosto bem pessoal para determinada música tem o cordão umbilical grudado em algum familiar. Passamos nossa infância ouvindo os gostos musicais de nossos pais, e aí entra de tudo, desde os clássicos até, opa, até não, parou na década de 1.980, onde o pop atingiu seu ápice no quesito “inteligência”. Não me estendo em nomes, pois esqueceria algum e eu não gostaria de esquecer nenhum dos cantores, das bandas que tanto animavam as festinhas que íamos quando adolescentes. LP na vitrolinha, luz acesa e muita dança.

Gostar de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Nazareth, Bee Gees e tantos outros, que explodiram nas décadas de 60, 70 a 80, são coisa que se passa adiante, coisa de tio para sobrinha. Típico de herança, mas sem morte. Herança de vida.

Ter um tio legal morando junto muda tudo e justamente quando ele estava lá com seus 18 anos (morava conosco desde os 14) era só Bee Gees que se ouvia naquela casa. E aí aprendi a ter meus gostos musicais. Aprendi uma porção de coisas que só ele poderia ensinar, como por exemplo: Ser um irmão em vez de ser tio, porque só um irmão mesmo colocaria 3 crianças num Chevette azul para escutar Eric Clapton na fita K7.

Eu adoro ouvir as músicas da juventude de minha mãe, onde se ouvia Elvis Presley, Garotos de Ouro e The Byrds, mas as que meu tio ouvia tinham, e tem uma coisa a mais. São da minha época, são do meu tempo, eu nasci provavelmente no dia em que Janis Joplin escreveu “Kozmic Blues”, ou Robert Plant dedilhou os primeiros acordes de “Rock and Roll” e se não foi pelo menos gosto de pensar nisso.

Eu nasci na melhor época do mundo! Rolling Stones, U2, Raul Seixas...

Pronto, disse. E se disse tá dito. E não se ofendam os nascedoiros dos anos 90 em diante, mas é que, infelizmente, vocês não tiveram música de verdade nessa época e me perdoem pela sinceridade. Teve muita coisa boa na década de 90, por exemplo, a discografia do filme “Ghost – Do outro lado da vida”. A música “Unchained Melody” cantada incrivelmente no filme foi composta lá em 1955 e seu maior intérprete foi Elvis Presley; e pronto, voltamos lá atrás onde eu disse que era uma espécie de Herança. Lembro como se fosse hoje do enterro do Elvis Presley em 1977, eu sentada na cozinha, não sei se sozinha ou com a família, e eu fiquei deveras penalizada, como se tivessem tirado o maior tesouro da face da terra. E realmente tiraram!

Meu tio gostava do Elvis, mas gostava mais dos outros porque cantavam e tocavam Rock and Roll. Ele era um transgressor (para a época era horrível) e eu adorava a cumplicidade com que ele conversava conosco, e assim, aos 5 anos me tornava uma roqueira, fã dos Scorpions!

Meu tio usava cabelo comprido da moda e pegava eu e minhas irmãs no colo, brincava, ria da gente, dava brinquedos legais e tinha amigos misteriosos - assim eu pensava na época - e isso aumentava ainda mais a minha admiração por ele. E junto disso tudo vinha a música que ele ouvia, e era uma lógica perfeita: “Se ele é o máximo, a música que ele escuta também é!”

Com as suas calças bocas de sino registradas em diversas fotografias conosco está aquele sorriso largo e afetuoso para quem a família está acima de tudo.

Posso dizer (porque agradeço toda a vez que escuto Rock de verdade) que meu tio Mirgo é o melhor tio do mundo!.

Michele CM
Enviado por Michele CM em 01/06/2012
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