Só se dividido

Suas manhãs eram na penumbra; como que assoladas por enxaqueca; a pouca luz cobria os quadros, cobria a música, não se via no espelho; o sol, copiando ladrões de mexerica em chácaras, furtivamente, pelas frestas, conseguia dizer que estava aberto lá fora.

No porto assistia às chegadas, assistia a empresários conferindo balanços vitoriosos; dispôs-se a assistir a formaturas e tudo mantinha as suas manhãs monocromáticas...gris.

Um dia, ao passar por uma casa diversões, roubou um sorriso, que foi levado entre as mãos suadas dentro do bolso das calças.

Francamente não sabia que a alegria tem tamanho pré-estabelecido, e descobriu que roubara uma alegria que não lhe assentava corretamente no rosto: afinal, seu rosto não aceitava alegria ou tinha medo de usá-la, o que revelaria o ilícito?

Carregava o sorriso no bolso, e sempre o tocava para conferir sua presença, mas pode notar que visitar a alegria, não o fazia alegre, a alegria deve ser vivenciada, pensava.

Em um retiro emocional, sozinho, colocou o sorriso no rosto e seu rosto modificou-se como se em um esgar, concluiu que não tinha pelo que sorrir; ou a felicidade se completa quando se a divide?

Não foi difícil encontrar alguém, que como ele não tinha alegria; revelou o que fizera, e juntos foram devolver a alegria roubada, logo que entraram na Casa de Diversões a porta bateu e ficaram presos e disto sorriram. Testemunharam milhares de contraventores, que descobriram na partilha um motivo para fazer do antigo esgar um momento.

Brindaram, e aquela Casa contou a eles, por que era de diversão...

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 09/06/2012
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