Esquadrão de Ouro.
O Sebinho corria todo dia no campinho da Cerâmica. Magrinho, se deixava ir pela esquerda, quase que levado pelo vento.
Prálá, seu irmão mais velho, mais troncudinho, fechava o meio campo, feito o Luis Carlos Goiano, o Dinho e o Pintado, ou o Fred Rincón nos áureos tempos, violento e terno ao mesmo tempo.
O Preto era branco e gordo, corria como um tronco rolando, tremendo o terreno e quebrando canela. O Preto era nervoso e violento beque central, hoje caiu no mundo do mal e vive por aí a zanzar e atazanar o meio em que vive, principalmente o policial.
O Étô era o capeta em forma de criança. Corria feito uma cotovia desgovernada e marcava gol a beça. Lembro que chorou tanto quando o Sócrates perdeu aquele pênalti contra a França, nas quartas de final da Copa de 86. Foi triste ver o Étô chorando tanto daquele jeito. Pra nós ele era um guerreiro selvagem, que jamais se deixava amedrontar por tribos circunvizinhas.
O Cabém era um caso à parte. Advindo do outro lado da cidade, do Sumaré violento, Cabém cabia bem em qualquer ambiente. Negro risonho e ágil, fez um jogo ser interrompido com um simples pedido de bola para o companheiro; Cabém, correndo com muito custo pelo meio campo, ao ver que o lateral direito recebera a bola do goleiro, soltou uma dessas pérolas que fez com que todos os jogadores, inclusive comissão técnica, gandulas e a meia dúzia de corajosos torcedores caírem ao chão de tanta risada. Cabém teve que ser substituído; alguns outros, de tanta risada, com cólicas, deixaram também o gramado, ou melhor, terreiro. Um gritinho estridente, quase que inverossímel, surgido dos países imaginários da mente de Cabém:
"Vaííííííí, passe-me bola Criiiiiiiiii"
Por fim, o jogo teve que ser interrompido...
Empate técnico.
E no final todos ganharam pão com mortadela e guaraná Dom.
Era dia das crianças...
SAvok OnAitsirk, 11.5.12.