A ARTE DE AMAR


          Todas as pessoas que ousam  enfrentar o desafio de amar passarão por momentos de sublime encanto, como também, por momentos de  decepção, frustração, amargura...
          James Hunter, em "O monge e o executivo" nos ensina que devemos desistir de ressentimentos quando formos enganados e afirma que as pessoas, com as quais convivemos, um dia irá nos decepcionar, por não serem perfeitas e por não serem como as idealizamos. Entretanto, o medo de vir a sofrer não pode se constituir em obstáculo para o incontido desejo de vivenciar a estupenda beleza do amor. O  coração precisa estar sempre pronto  para se encantar com a vida, suas possibilidades, seus amores...  é preciso aprender e praticar a arte de cativar!
          Saint'Exuperry, em "O Pequeno Príncipe", fala por meio da raposa: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas!" e, ainda, "Se tu me cativas e diz que vem me visitar e marca a hora, eu começo a ser feliz uma hora antes."
          Palavras são diamantes...
Cabe aos lábios a missão de pronunciá-las; cabe ao coração o trabalho da lapidação que deve anteceder à pronúncia, uma vez que as palavras possuem uma força descomunal, capaz de elevar, encantar, seduzir... ou destruir sonhos, desejos, crenças, histórias, vidas...
Cecília Meireles é mestra e íntima das palavras, haja vista o seu “testemunho” em “Romanceiros da Inconfidência”:
“Ai palavras, ai palavras,
que estranha potência, a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta.”

Portanto, as palavras dão sentido à existência!
          Quem ama e quer cativar deve proferir  sempre palavras carinhosas, respeitosas, recheadas de sabedoria e luz, para que tenham a propriedade de realizar o afago necessário no coração da pessoa amada.
          Os relacionamentos atuais são movidos pela pressa e, por isso,  geram angústia, frustração, desencanto... são excessivamente carnais e não permitem o possível encontro das almas, dos olhares ...  assim sendo, perde-se a oportunidade do mergulho na essência do ser, com o consequente equilíbrio e amadurecimento da relação. Os relacionamentos são líquidos, patéticos e irresponsáveis!
          É preciso o caminhar lento, onde os corações e as almas se dêem  a conhecer, de forma  gradativa, pois “as tartarugas conhecem a estrada melhor que os coelhos”. A “ roupa” deve ser retirada sem pressa, para que a “nudez” não cause  espanto... para que se processe o encanto!
Somos seres limitados, imperfeitos... mas não podemos perder a capacidade de sonhar!
É preciso sepultar fantasmas... ressuscitar emoções... reinventar a vida!
Amar... sem tentar anular a pessoa amada!
Gostar... sem se permitir o sádico luxo das amarras!
Ah! Se todos os amantes pudessem compreender...
Até porque, pode-se amarrar, prender o corpo... mas o pensamento, a alma, quem os prenderá?
E, então, entra em cena a teatralização das emoções, dos sentimentos...
E a verdade cede – porque não houve opção – terreno para a hipocrisia.
          Quem quer cativar precisa se comportar como uma suave brisa...  precisa tocar suavemente;  na intensidade certa, na temperatura certa...
Acariciar os cabelos, sem atrapalhá-los.
Pousar sobre o corpo amado... sem profaná-lo.
Creio que ser brisa... é isso; chegar leve, suave... e partir impregnada com a doce fragrância do corpo tocado.
          Augusto Cury diz que somos movidos a sonhos...
Freud diz que somos movidos a desejos...
Padre Fábio de Melo diz que o tempo, nem sempre é nosso aliado, e que quando não pudermos com ele, devemos fazer um acordo...
Os poetas do Arcadismo, por entenderem sobre a brevidade da vida, incitam-nos a viver, intensamente o tempo presente...
E é nessa trama, que nos movemos... sonhando, desejando, temendo a finitude de todas as coisas  – incluindo o "eterno amor" – e vamos escrevendo as páginas do livro da nossa Vida, recheado de suspiros, delírios febris, encantos, desencantos...
          Partir... empreender uma viagem deve sempre permitir o “encantar-se com a paisagem” sem a insana preocupação com a estação, o porto...
Quantos não chegarão ao destino?
E se durante a viagem, uma voz suave, melodiosa, de uma “música ao longe” invadir o sentido auditivo... perturbando e alegrando o coração? Talvez, venha o êxtase!!!
          A arte de amar se recheia de sentimentos conturbados, incertos, que oscilam entre o doce enlevo do encantamento e o saudável temor frente ao “desconhecido”; bem como, a possibilidade de uma enxurrada emocional catastrófica.  Mas... navegar,  neste mar de emoções arriscadas, é preciso...”
          De tudo, fica uma certeza: quando duas almas se entrelaçam, criam  afinidades extasiantes e reinventam  a magia de sonhar...


Alexandre Brito - 12/06/2012
(*) Imagem: Google
Alexandre Brito
Enviado por Alexandre Brito em 12/06/2012
Reeditado em 12/06/2012
Código do texto: T3720348
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.