MEU MEDO

MEU MEDO

AYRES KOERIG

Somos muitos os que escrevem nesta sala intitulada Recanto das Letras. Reconheço que nela existem admiráveis escritores e escritoras, como também verdadeiros poetas e poetisas que podemos confrontá-los com os grandes imortais das nossas páginas literárias de outras eras. Ainda não tive oportunidade de ver aqui, um orador como Silva Jardim, cujos discursos estrelejavam chamas, parecendo fogo num incêndio no macegal dos morros há muito abandonados pelas chuvas e avançando contra o trono de D. Pedro Segundo, para que fosse implantada a República no Brasil; ainda não apareceu aqui um Machado de Assis com aquela multidão de belos escritos e nem um Olavo Bilac para dizer que a pátria é “um seio de mãe a transbordar carinhos”... Parem e reflitam o que diz esse verso!

Excluo-me de fazer parte dos que aqui neste Recanto formam uma plêiade de escritores, por saber que há pessoas que já concluíram seus Mestrados e seus Doutorados. Meu único diploma é de Professor Normalista, fornecido pelo Instituto de Educação de Florianópolis. É bem verdade que o que me traz alguma vantagem é a idade que tenho já avançada e se nos basearmos no que diz o adágio “Mais vale a prática do que a gramática”, aí eu serei favorecido, porque vivi e convivi por mais tempo, com coisas que os livros não ensinam e desta forma eu aprendi mais. Também a longevidade me deu a oportunidade de ter lido muito, apesar de hoje, se contar com a televisão e a internet que nem se pensava haver, naquela nossa época de juventude.

Entremos agora no foco do que eu estou pretendendo passar: Essas nossas postagens aqui do Recanto ficarão para sempre e a nossa descendência – filhos, netos, bisnetos, tetranetos e assim por diante vão ler o que escrevemos e até mesmo o que comentamos. Muitos deles, frente a frente com o que estão lendo, vão se posicionar em dúvidas perante o que o seu avô escreveu e até poderão dizer: -- Não acredito que o vovô, lente de Pedagogia de tal faculdade haja escrito esta porcaria ou mesmo um seu colega veja um comentário elogiando algo que não diz nada e lhe interrogue: -- Tu te gabas de ter um avô tão inteligente e olha o ótimo comentário que lançou neste texto que nada diz com nada? E o menino envergonha-se!

Todos esses textos vão ser lidos pela nossa posteridade e os comentários também. Então meu amigo minha amiga, não deves dar tanto valor ao que leste ou ao que escreveste sob pena de seres criticado adiante. Sejas desta forma, franco em todos os pontos de vista: pau, pau, pedra, pedra e esmeremo-nos então por atuar como se fôssemos garimpeiros: enchamos as nossas bateias de escritos, mas vamos deixar somente o ouro ou as pedras preciosas aqui no Recanto e o restante joguemo-lo como cascalho novamente na água.

Ayres Koerig
Enviado por Ayres Koerig em 16/06/2012
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