A VIDA QUE NÃO PEDIU A DEUS.

Relaxou.
Sentou-se à cadeira de madeira, em frente ao computador, viu que o que não tinha remédio, remediado estava. Estava em um rio fundo de incertezas e ansiedades. Mas, não tinha jeito, jeitoso ficou diante daquele amigo inseparável e divagou. Pensou nas amarguras que são colocadas dia a dia pela vida, pensou também nos encantos que a mesma existência nos traz, experiências únicas, de amor, cumplicidade, companheirismo e prazer, as quais, se têm até uma certa e boa inveja, dando vontade de copiar a maneira de agir, os habitos e formas de interpretar os movimentos e desejos. Pronto. Aí sim, estirou-se em uma rede de balanço, fechou bem os olhos, até doerem as pálpebras e sonhou. Sonhos increíveis, com fadas e duendes, estórias da carochinha, chapéuzinho vermelho e papai noel. Depois vieram as florestas, os rios e mares, os pássaros, a relva, os montes e cascatas, as grandes corredeiras, a suavidade dos lagos e lagoas, apinhadas de peixes, de todas as cores e tamanhos, os grandes concursos de automóveis, os mais belos conversíveis e os mais antigos calhambeques da história. Sonhou também com crianças divertindo-se nos parques, nas praças e campos, jogando bola e as meninas brincando de grande roda, pique esconde, onde escondeu-se dentro do sonho. Não queria mais acordar, quão linda era aquela quimera de satifação. Sentiu-se bem, uma sensação de alívio, um vôo à beleza, natureza pura, com cheiro de mato, de terra molhada após um dia de sol intenso, de flores se abrindo em pétalas fortes e coloridas de azul e vermelho. Chorou, uma lágrima salgada perdeu-se em sua boca. Embrenhou-se em uma toca, de um imenso animal, pré-histórico, um ancestral de dinossauro, que apenas deixou aquela fenda, no interior de uma pedreira. Lá, do fundo daquela abertura, pediu a ele mesmo que continuasse solitário, unitário em seus pensamentos. Mas, nada adiantou. Levantou, vestiu-se, calça jeans, camisa polo, meias cinzas e tênis preto com listras brancas. Saiu com sua pasta de couro, entupida de papéis, para viver a vida que não pediu a Deus.




Por: Jaymeofilho.
19/06/2012.

Jaymeofilho
Enviado por Jaymeofilho em 19/06/2012
Reeditado em 19/06/2012
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