Vivam os poetas!!

Tenho lido vários poetas neste nosso recanto. Poemas masculinos, femininos, bastante singulares.Rimas de toda espécie. Gosto muito de ler as poesias, e fico entusiasmado e ao mesmo tempo admirado com a maestria com que estes poetas rimam, claro, cheios de inspiração. Mas me limito a lê-los, e quando muito faço algum comentário, leigo que sou no assunto, apenas porque realmente gosto do que leio.

Mas, me lembrei dos meus tempos de menino, quando algumas amigas da minha mãe iam visitá-la. Invariavelmente eu era chamado para declamar alguma coisa. Daquelas coisas que as madrinhas da gente nos ensinam como a "batatinha quando nasce" essas coisas. Mas, um dia aprendi um poema sobre a morte, que foi um sucesso: me arrisco a "dizê-lo" aqui, para vocês. Era assim:

Da morte, ninguém escapa.

Nem o bispo nem o papa...

Eu tenho um tostãozinho,

Vou à feira e compro uma panela.

Me meto dentro dela,

E quando a morte bater eu digo assim,

"aqui não tem ninguém, passar bem"...

Foi um sucesso. Aquelas senhoras, acho que eram do "Sagrado Coração de Jesus" ou algo assim, o que sei é que "viviam" na missa, adoraram. Meus primos me ameaçavam dizendo "se não declamar aquela da dona marieta, da pimenta malagueta" tu vais apanhar... Esta pequena poesia, se declamada, certamente iria render surras até o fim do ano. Imagina se declamada em janeiro.

Chegavam as amigas da minha mãe, e lá vinha o "coro" -Afonsinho, vem declamar prá nós, vem! Eu, sempre educado, concordava... Até que um dia, resoluto, decidido, louco de medo dos meus primos, que eram um verdadeiro bando, lasquei a Dona marieta. E as rimas iam de vento em popa, com pimentas malaguetas, dona marieta, mete o dedo... no nariz - e o pau comeu. Foi um verdadeiro rebuliço. Acho que naquele dia acabei com a congregação da minha mãe, espantei a comadre Negra para sempre, nunca mais se viu a Dona Mariquinhas, e encerraram alí mesmo a minha carreira de declamador. Me tornei um herói para os meus primos, mesmo com as orelhas vermelhas e a bunda lanhada de tanto laço.

Matogrosso
Enviado por Matogrosso em 08/02/2007
Código do texto: T373323