A Formiga

A formiga
Jorge Linhaça

Estava eu sentado no chão de mão quarto e uma formiga de tamanho médio insistia em caminhar em minha direção. Rechacei-a por diversas vezes e ela voltava, depois de se reorientar dando várias voltas espirais a caminhar pelo mesmo trilho da qual eu a havia desviado com meus petelecos.

Teimosia? Persistência? Insistência?

Fiquei traçando um paralelo entre o comportamento da formiga e de nós, os seres humanos, tantas vezes desumanos.

Duas abordagens derivadas de uma mesma ideia básica ocuparam a minha mente.

Se eu fosse o diabo, e a formiga as pessoas...meus petelecos seriam como as tentações, as dificuldades da vida, procurando desviar as pessoas do caminho correto. A formiga ao dar voltas e mais voltas representaria as pessoas tentando se reorientar para seguir pois o caminho lhe lhe traria bons frutos.

Poderíamos então chamar essa formiga de persistente ou perseverante, do tipo que sabe onde quer chegar e sobrepuja os obstáculos para atingir o seu objetivo.

Porém se o meu papel nesta fábula fosse o de Deus, meus petelecos seriam no intuito de desviar a formiga de caminhos tortuosos que poderiam levar à sua destruição. Já a formiga, ao dar voltas e voltas e insistir em seguir o mesmo caminho, representaria a teimosia e insistência em não dar atenção a uma força superior.

Poderíamos então considerar essa formiga relapsa e displicente, pois apesar de vários avisos preferiu caminhar rumo à destruição.

Cada um há de ver o que melhor aprouver neste texto, assim como na vida...a mesma cena tem significados diferentes para pessoas diferentes ou para a mesma pessoa em momentos diferentes.

Quanto à personagem de nossa crônica, vai bem obrigado, tomou o seu rumo e deixei-a em paz.

Salvador, 20/06/2012