FEMINILIDADE SUBJUGADA

FEMINILIDADE SUBJUGADA

A noite ainda é algo a ser muito pesquisado. Ela trás em sua essência uma magia que transforma as horas negras e silenciosas em volubilidade, fascínio e magnitude; onde num passe de mágica, homens e mulheres mesmo após uma semana desgastante de trabalho passam por uma mutação ainda que efêmera, dando lugar ao super-homem e mulher maravilha, onde a jovialidade orgânica, o entusiasmo, o vigor, a interação social e o jogo de sedução recíproco, transformam-se em campeões de audiência. Recentemente, visitei uma boate muito freqüentada por universitários, empresários e pessoas afins. Seu repertório musical, pista de dança, bebidas e atendimento ao cliente eram considerados aprazíveis e propícios para uma noite mágica e um assunto tão minudente e sistemático e que vem afligindo desde os primórdios a “mulher” em sua essência.

Apreciei durante horas nos rostos masculinos a satisfação em uma única noite ser considerado o “caçador” e ao mesmo tempo “a presa” tão almejada das inúmeras mulheres que circulavam o local.

Era como se depois da meia noite eles se transformassem de “sapos” á príncipes e tivessem o direito da dança com a princesa da noite, não importando que após as 5 horas da manhã o encanto acabasse e voltassem a serem “sapos” novamente.

A musica em sua magia e o ambiente tão oportuno da noite ajudava-os, para que o encanto fosse realizado.

Mulheres dançavam procurando mostrar toda sua sensualidade a fim de chamar a atenção da presa, ou “caçador”, como se estivessem no cio, clamando pelo parceiro.

A estimativa era de um homem para oito mulheres... Isso tornava uma concorrência um tanto acirrada. Mulheres indo e vindo da toilette, onde os espelhos eram os mais cogitados mesmo porque aquela noite era diferente de todas as outras, aliás, além da magia da música e dança que envolvia a todos, a beleza feminina era buscada como primicia pelo caçador.

Ao fim da noitada, observei que muitas das beldades femininas que circulavam o agradabilíssimo ambiente, estavam ainda à espera do príncipe, e muitas não se importando de alguns já terem se transformado em “sapos”, aliás, o que contava era terminar aquela noite aos braços de um homem... Ainda que o álcool já os tivesse “caçados” primeiro que elas, ou o cansaço.

Agora pergunto: O que a antropologia, ou a sociologia tem a dizer sobre este fato que é consumado em todo o mundo? O que se pode fazer para mudar este quadro tão deprimente que vem afetando o “homem” em sua essência?

Os valores do ser humano vêm mudando a cada década. Hoje salões de beleza, farmácias, clínicas dermatológicas e afins, disputam no mercado quem tem mais produtos e qualidades para satisfazer os prazeres femininos e masculinos, transformando-os em “produtos” a serem expostos no mercado. Sendo assim, quem pode mais chora menos.

A inteligência feminina ainda tem sido subjugada pela mídia. Se a beleza vier acompanhada de uma dose de inteligência, perspicácia... Bingo!Caso contrário, somente a beleza já é suficiente para fazer a “galera” masculina se alegrar. Quantas “Ofélias” (personagem feminino, de um programa televisivo, onde a mulher dava vexame sempre que participava de uma conversa com amigos) ainda existem e perduram em nosso planeta?

Os Best- sellers ainda são: “beleza e jovialidade”. O conhecimento e a intelectualidade ainda são vistos como “clássicos”. Isto é, são lembrados com carinho, entretanto estão esquecidos em grandes estantes empoeirados e sem uso, obstante do efeito que o best-seller vem causando estrondosamente.

Muito tem em mente uma mulher intelectual trajando um tailleur, salto alto, coque e óculos. Não necessariamente bonita ou charmosa e sim sempre com aspecto “sisuda” e feminista,procurando “tomar o lugar dos homens”,a quem se acham ter este direito e prioridade.

Na realidade a mulher intelectual, aquela que busca conhecimento, tem sido uma ameaça à classe masculina; tanto é verdade que ainda vemos nas pesquisas que embora as mulheres tenham alcançado uma colocação substancial no mercado de trabalho, todavia o salário entre o homem e a mulher diverge em demasia.

A quem culpamos?

O que é necessário para uma mulher se considerar “realizada”, amada, respeitada em toda sua essência de “mulher” neste mundo que diz ser tão eclético e ecúmeno?

Não sou engajada ao feminismo e sim ao civismo, tanto é que luto pelos direitos da mulher, independente de raça, nacionalidade, beleza, nível social e crença religiosa.

Tenho aprendido a cada dia que a mulher é um ser dotado de inteligência, independente da beleza física. Basta ela não se deixar rotular e não assumir um papel que a sociedade impõe classificando-a como: “o importante é a beleza” ou, “não precisa abrir a boca, basta mostrar o corpo”. Infelizmente muita tem aceitado a risca este ensinamento e caladas, satisfaz-se com o ser chamada de “gostosas”. Agem como animais adestrados que respondem somente as expectativas e necessidades de seu dono.

Em suma, na qualidade de argumentista, lanço para todo aquele (a) que também luta ou se incomoda com a situação que estamos vivenciando, para que a igualdade, equidade social, independente de raça ou sexo, possa deixar de ser utopia e sim uma realidade de nossos dias.

Precisamos de uma mudança EMERGENCIAL!

ELEN VIANA