Pelo amor ou pela dor

Pelo amor ou pela dor

24/11/2011

Como é fácil viver, basta termos tempo para enxergar. Um dia me disseram que “a vida sempre nos sinaliza, basta-nos seguir as placas”. É verdade, começo a vê-las com clareza.

As placas da vida são sutis. Não estamos prontos para observá-las com os olhos do corpo, mas sim com os da alma. A vida se resume em uma dualidade de opções, sim ou não. Por uma série de questões, culturais, religiosas, de educação, de costumes, etc. para nós sempre é difícil o não. Fomos criados no positivismo, e por ele nos sacrificamos, renunciamos, ignoramos, sofremos, adoecemos, morremos. Sentimos ou causamos dor. Por ele negamos a felicidade.

A dor faz parte da vida quando não conseguimos enxergar o nosso caminho. Mas, diz o ditado: “se a dor é inevitável, o sofrimento é opcional”.

Por pelo menos duas vezes a vida me fez sentir dor para me redirecionar.

A primeira delas no campo material, atingindo de forma drástica a “realidade” financeira no momento em que me decidira ser plural (família). Não consegui “entender” o recado da vida e décadas mais tarde, precisei novamente viver a mesma dor de forma direta.

Tal experiência me proporcionou uma série de aprendizagens, a principal delas é que não precisamos sofrer pelo dinheiro, temos tudo que necessitamos para sermos felizes, só precisamos dizer NÃO a infelicidade.

Esta aprendizagem mostrou que alguns valores, ou melhor, sentimentos, (valores são profundos), que tinha na época eram inúteis. Pessoas próximas, às vezes até demais fisicamente, que podiam prestar o socorro monetário disseram não, enquanto outras sem dotes materiais, mas repletas de dotes espirituais, proporcionaram o conforto e nos indicaram o caminho. Em vez de raiva ou ódio daquelas “materializadas”, que a princípio senti, tive dó, que hoje evoluo para compaixão.

Senti a dor da perda, mas não sofri.

A segunda “dor” foi no campo dos relacionamentos. Por longo tempo culpei a excessiva “necessidade” material pelo distanciamento de relações valiosas para mim. Daqui tirei as maiores lições. Primeiramente entendi que somos os únicos “culpados”, melhor dizendo, responsáveis por tudo que nos ocorre e só desta forma podemos resgatar aquilo que queremos ou que podemos, (querer é poder). Nossos sentimentos quanto ao próximo nem sempre são reais. Aprendi também que alguns relacionamentos são “placas sinalizadoras” do caminho verdadeiro, apesar de machucarem são valiosos, mas depois de cumprirem sua função ficam para trás.

Mas o maior ensinamento é de que os relacionamentos da alma por mais que sejam separados fisicamente, mais cedo ou mais tarde terão seus caminhos se entrecruzando e se tornarão o mesmo. Não é preciso sofrer, não tenha pressa, saiba esperar (o que é do homem, os bichos não comem).

Este texto me veio à mente enquanto cuidava do corpo, fazia uma caminhada.

Após colocar as idéias principais no papel, o que escrevi acima, me veio a pergunta do por quê? E algumas respostas que consegui captar são:

- Estou em uma fase de “dores” insignificantes, talvez vivenciando meu melhor equilíbrio.

- Existem pessoas próximas que serão auxiliadas.

- Existem pessoas que me entenderão melhor e não sofrerão pelo modo que escolhi viver.

- Ainda que saibamos das proximidades espirituais, precisamos das proximidades físicas, apareçam.

- Por mais belos e caros que sejam quebrem seus vasos chineses se eles forem a causa de sua infelicidade.

- Isso é uma verdade atual e seu registro me possibilitará saber quão duradoura será.

Saudades

Geraldo Cerqueira