O RELÓGIO DE R$ 500.000,00

Eu escrevi esta crônica em 2012, então veja como o nosso país voltou a regredir.


Estava lendo a revista GQ do mês e veio junto um manual das maiores marcas de relógios do mundo.

A revista que chegou a pouco no Brasil mostra que entramos no seleto time de possuir muitos milionários, incluindo o “sem vergonha de ser rico” e quarto bilionário do mundo, Eike Batista, que já prometeu ser o primeiro até 2015.

A conferir.

Hoje em dia a gente escreve e pode ser lido por muitas pessoas além daquelas que temos mais afinidade.

Se você quer ter um contraponto da vida atual leia o livro “GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA FILOSOFIA” de Luiz Felipe Pondé.

Vale a pena , pois como são chatos os politicamente corretos, além de serem os tiranos deste século que se mostra horripilante nas idéias.

A internet criou o 'politicamente correto' onde todo mundo é amigo desde que “não me faça nenhum comentário desabonador.”

Se for sincero e disser que não gostou de algo que alguém escreveu nas redes sociais pronto perdeu o amigo, se bem que esta seleção, em parte, faça parte do processo, da minha parte em assuntos de politica partidária, ou escritos raivosos.

Foi criado com o advento das redes sociais, de certa forma “o mundo do faz de conta” novamente. Você lê a minha poesia que eu leio a tua”. “Ah não me leu? Então não te leio mais.” e assim vai.

Este mundo de “Faz de conta” é um sumidouro, ou sendo mais moderno, um buraco negro de infelicidades, se ficarmos só nele, pois não nos faz crescer como devemos, tendo contato pessoal com as pessoas. Temos que tomar cuidado com isso.

Mas eu gosto do nosso bilionário, precisamos aprender que a riqueza traz generosidade quando conquistada de forma salutar. O errado é a perpetuação da riqueza na mão dos mesmos. (Como vimos não era salutar)

Nisto temos que aprender muito com os EUA onde a riqueza não fica passando de pai para filho, passa, mas com um alto custo fiscal que acaba incentivando doações em vida, mas não para pobres, de mão beijada, mas para as faculdades, entidades de pesquisas e tal, que acabam, ai sim, beneficiando toda a sociedade, e nesta também os pobres.

Mas e os relógios?

No Brasil só se falava em Rolex, era roubo prá cá era roubo prá lá e nesta fui para a Alemanha com dois amigos em Outubro de 2001, logo depois do 11 de setembro.

Estávamos ainda em Frankfurt  e fomos dar um rolê na noite da cidade e deviam ser umas onze horas quando, ao voltarmos pra o hotel, passamos num calçadão onde tinha uma vistosa joalheria bem em frente a sede da Mercedes Benz .

Até ai tudo bem a não ser que vimos em plena vitrine um relógio com o preço de $ 140.000,00 euros e na época a paridade não era menor que 3 ou 4 para 1 para a nossa moeda, quer dizer que em reais em torno de  
R$ 500.000,00

Eu olhei para a sede da Mercedes Bens e não pude supor que existisse um relógio que saísse mais caro do que o melhor carro daquela montadora.

Eu notei ali o que é estar num país muito rico, pois aquele relógio ali naquela vitrine, naquela hora, com a loja fechada, me chamou a atenção de que tipo de público que anda por ali naquele calçadão, pois no Brasil um Rolex normal não saia por mais de R$ 30.000,00, e já era o relógio da hora, e só era mostrado com hora marcada na loja.

Se um relógio destes está na vitrine então não é nem um nem dois mortais que tem cacife para ele, mas sim uma gama significativa de passantes.

Ali eu vi o que estar num país rico, no mais a cidade me pareceu tudo igual, uma cidade parecida com Curitiba, talvez um pouco maior, poucos shopping Center e bem menores do que os nossos, mas o país é magnífico e ali foi só uma parada de chegada.

Eu e meus amigos ficamos observando a vitrine e descobrindo os filamentos que davam a segurança a ela e não eram poucos. Não tínhamos o que fazer e ficamos ali divagando.

Naquela viagem eu também descobri que não existe “povo educado ou mais civilizado”, existe sim, povo disciplinado e muito, muito vigiado, além de altas punições, como por exemplo  as para os infelizes brasileiros que tentam andar de trem sem terem pagos os tickets já que não existem cobradores, como os meus amigos queriam.

Não existem cobradores, mas existem fiscais que aleatoriamente entram em ou outro vagão e também aleatoriamente pedem para um ou outro passageiro o dito cujo e ai de quem não o tiver. Terá que acompanhar o fiscal até a delegacia mais próxima, será fichado, e pagará uma multa que estatisticamente cobrirá qualquer prejuízo causado por todos os espertinhos, (normalmente estrangeiros desavisados), pois os nativos há muito tempo que não se arriscam.

Povo educado é povo disciplinado para que o bem comum prevaleça sobre o direito individual Este é o principal ensinamento que temos quanto viajamos para qualquer um destes países ocidentais da Europa, já os do leste o comunismo não deixou bons exemplos.

E os relógios?

Se você comprar esta revista e ver este especial de relógios verá porque que tem alguns que valem uma Mercedes e que só agora estão chegando por aqui já que viramos a sétima economia do mundo. (durou pouco)

Para o antigo Brasil eu acho que ganhava mais ou menos, embora nunca tenha comprado nenhum Rolex, mas mesmo que tivesse não compraria, pois não me atrai nada neste sentido pois vai além da finalidade proporcionalmente implícita, mas já para este novo Brasil com seus novos ricos...(sumiram também)
 

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"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo' Roselis von Sass –
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