A morte do poeta

Pra minha sorte descobri que sou filho da morte, mas que coisa atrevida a morte é filha da vida. Corri com o povão na mesma direção, pois a hora é agora porque está próximo das eleições e o nosso candidato só tem mais um dia de vida.

E nesta vida moderna o Abapuru caiu dentro da cisterna. E aquele relógio ali no canto da parede sorrindo pra minha rede me disse que os ponteiros indicavam seis e meia. Abri a janela e por aquela greta em disparada correria passou Jorge Amado atrás de uma tal de Tieta.

E no estrondo da espingarda passa por mim em prantos Chico Buarque desfilando no enterro da Jovem Guarda, e pra tirar minha teima passa por mim e pega meu lenço Vinicius de Moraes para enxugar os prantos da garota de Ipanema.

Depois de tudo que eu vi fecho os meus olhos e pergunto a São Pedro: Será que eu morri. E o poeta está com pressa, ele sabe que uma coisa é certa é que ao nascer o criador acionou seu relógio e para ele guardou o mistério, pois ele não me disse onde está a fita da reta da chegada.

E nesta pista a perder de vista o monstro e o artista acaba se atrelando aos monarquistas ou anarquistas, mas somente em tempo de guerra o homem descobre que o divã de todas as resoluções são os seus sete palmos de terra.