Cantoria Busal, nova tendência infernal

Depois dos cantores de chuveiro, que segundo Álvaro Muller a maldição do milênio, os desprovidos de talento e consequentemente de gravadora encontraram um novo espaço para arruinar os ouvidos alheios. O ônibus.

O não ao desperdício de águas, talvez seja a razão dos “canteiros” estarem trocando de mídia. O número ainda é pequeno, graças a Deus, mas existe. E antes que vire mania, melhor doença, eis o texto.

Tive o desprazer de ser apresentado à nova mídia musical quando vinha de Serrinha, Bahia para Aracaju, transportado pela “Malfim”. Um rapaz, aparentemente tranqüilo sentou-se bem atrás de mim. Já na estrada esburacada, o elemento começou sua esdrúxula apresentação. De imediato, peguei o mp3, arrumei o fone e abafei, aos meus ouvidos, o cantorio miserável. Claro! Jesus morreu por minha causa, mas eu não joguei pedra na cruz! Aí, lembrei que era aprendiz de jornalista, pensei que ali sairia uma boa pauta, normalmente da desgraça alheia saem ótimas pautas. Esculhambando-me, tirei os fones e prestei atenção à pífia apresentação enquanto o ônibus indelicadamente passava pelos buracos da estrada. Daí em diante, toda vez que viajo, na frente ou atrás tem um para encher o saco.

Claro! Como em qualquer transição de mídia há suas diferenças. Nos ônibus, os cantores busais cantam em altura baixa, ao contrário dos banheirais, talvez por não conhecerem todos os passageiros, vai que tem um justiceiro musical e aplique um cala cantor! (ir pra pancada mesmo!).

As diferenças aumentam quanto à freqüência, enquanto os banheirais sofrem de Desafinite Aguda (definição de Álvaro Muller), os busais sofrem de Desafinite Grave, talvez pelo volume baixo em que eles cantam.

Em uma coisa eles são comuns, sofrem de desafinite. Ta para nascer um cantor banheiral e agora busal que cante na pior das hipóteses mais ou menos, vão ser ruins assim lá na China, com todo respeito aos cantores chineses.

Esse escriba recomenda: Se você for viajar é melhor levar um mp3, disk man, qualquer troço que abafe a cantoria.

João Áquila
Enviado por João Áquila em 09/02/2007
Reeditado em 14/12/2007
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