CHEGADA
Sol tímido de início de inverno...
Num dos banquinhos da estação, lá estava ela, sentada com um livro na mão...
Um apito e o familiar ranger de rodas nos trilhos de ferro anunciavam a chegada do trem.
Ela guardou o livro na bolsa e pôs-se de pé. Ficou lá esticando o pescoço, passeando os olhos aos passageiros que desembarcavam...
Seus olhos brilharam e fixaram-se num ponto.
Abriu seus braços numa moldura de abraço e tornou-se iluminada.
Do trem, um homem caminhou em sua direção e deixou-se emoldurar pelo abraço.
Respiraram-se com os corações descompassados em uníssono. Borboletas passeavam pelo estômago, e as pernas amoleciam... Em volta tudo girava e ouviam uma música de filme mudo...
Ele tatiou-lhe o rosto com as mãos, como se o esculpisse ao sabor de seus dedos... Roçou os lábios dela com os dele, como se esperasse por isso a uma eternidade...
Deram-se as mãos e caminharam, comuns, junto à multidão...