PRAZO DE VALIDADE

PRAZO DE VALIDADE

A busca da longevidade é tema que mereceu páginas e páginas contando a busca desesperada do homem pela eternização ou, no mínimo, do mais dilatado tempo de vida possível. Os avanços das condições de vida (moradia, saneamento, nutrição etc), as pesquisas na área da medicina, o tratamento preventivo e corretivo das doenças etc, dilataram consideravelmente nossa expectativa de vida, elevando-a a níveis não imaginados há um século atrás. Todavia, esse quadro já resulta em uma população percentualmente cada vez maior de idosos, ocasionando problemas relacionados à assistência médica e à aposentadoria social, especialmente nos países desenvolvidos. Sério problema que os governos terão que resolver, com soluções técnicas e humanas.

O que me aflige são as situações paralelas que resultariam se vivêssemos eternamente ou se nossa expectativa de vida alcançasse, digamos... 200 anos. Em qualquer dos casos, seria imprescindível para a saúde mental coletiva a imposição de alguns limites. Explico: políticos, apresentadores de televisão e outros chatos receberiam limitado e improrrogável prazo de validade, logo no início da suas carreiras. Caso contrário, imaginem, teríamos que suportar, por um mínimo de 100 anos: os “filosóficos” comentários sobre futebol de Galvão Bueno, os discursos professorais e raivosos do senhor Lulla, o senhor Sílvio Santos vendendo Baú, incontáveis e inacabáveis Delúbios, Dirceus et coetera. Muitos desistiriam de tanto ou de eternamente viver, pois a vida que Deus nos destinou deve ser um eterno nascer e morrer, nascer e morrer --senão entope!

Essas pretensas considerações filosóficas vieram a propósito de recente diálogo que mantive com o caríssimo acadêmico Everton de Paula sobre a efemeridade das imensas ilusões, vaidade e presunção do homem que entorpecem a consciência e nos fazem supor –até-- que somos imortais. Mas, na verdade, é hora de pijama e chinelos e não de alimentar expectativas reservadas à mocidade.

José Eurípedes de Oliveira Ramos
Enviado por José Eurípedes de Oliveira Ramos em 10/02/2007
Código do texto: T376517
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.