Sobre o vento que rouba seu chapéu na praia

Certas coisas não fazem sentido. O amor é uma delas. De maneira geralmente arrebatadora, o amor funciona como um tapa na cara, como um tropeço, como enfiar a roda da bicicleta em um bueiro. Do contrário, não é amor.

Amores não são escolhas, decisões pautadas, comedidas. Sempre quando a gente escolhe, se permite, planeja amar alguém, já não é mais amor. É a sobra da panela. A raspa.

Acho que o amor se encontra ao acaso, ao ocaso, em qualquer momento onde você espere o troco do cigarro, e não o amor da sua vida. Acho que amores se dão aos esbarrões, tropeços, trocas despretensiosas de olhares. Amar é encontrar aqueles cinco reais no bolso da calça; amor é o susto.

Amor não se escolhe. Nem se espera.

Enquanto houver controle, moderação, não é amor. Não é. Também quando você espera, planeja, deseja, procura. Talvez o amor não saia daí. Talvez o amor saia do coração. E esse coração é uma instância independente, ninguém manda nele, nem você.

Amor é o erro fatal do computador de si.

É o vento que rouba seu chapéu na praia.

Gustavo Alvaro
Enviado por Gustavo Alvaro em 08/07/2012
Reeditado em 08/07/2012
Código do texto: T3767597
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.