Sobre o vento que rouba seu chapéu na praia
Certas coisas não fazem sentido. O amor é uma delas. De maneira geralmente arrebatadora, o amor funciona como um tapa na cara, como um tropeço, como enfiar a roda da bicicleta em um bueiro. Do contrário, não é amor.
Amores não são escolhas, decisões pautadas, comedidas. Sempre quando a gente escolhe, se permite, planeja amar alguém, já não é mais amor. É a sobra da panela. A raspa.
Acho que o amor se encontra ao acaso, ao ocaso, em qualquer momento onde você espere o troco do cigarro, e não o amor da sua vida. Acho que amores se dão aos esbarrões, tropeços, trocas despretensiosas de olhares. Amar é encontrar aqueles cinco reais no bolso da calça; amor é o susto.
Amor não se escolhe. Nem se espera.
Enquanto houver controle, moderação, não é amor. Não é. Também quando você espera, planeja, deseja, procura. Talvez o amor não saia daí. Talvez o amor saia do coração. E esse coração é uma instância independente, ninguém manda nele, nem você.
Amor é o erro fatal do computador de si.
É o vento que rouba seu chapéu na praia.