Morte por Envenenamento

Morte por Envenenamento:

Aureliano era um fazendeiro que ficara viúvo muito cedo e dedicara a sua vida à criação dos filhos e dos seus animais de raça, pois era um grande criador de gado zebu e de cavalos manga-larga. Sua irmã, Deolinda, que não se casou por não ter encontrado sua alma gêmea, o ajudava nas lides da casa da fazenda.

Tudo corria bem, até que Aureliano inventou de tirar umas férias. Deixou a administração da fazenda com o mais velho dos três filhos que tivera com a sua saudosa esposa Ermelinda e partiu em viagem, sem data para voltar e sem um rumo certo a tomar. Seguiria o vento e a corrente das marés.

Passaram-se seis meses e nem notícia do Aureliano. Até que certa tarde toca o telefone, era Aureliano informando que estava retornando para casa e tinha uma surpresa para os filhos e a irmã.

Todos ficaram curiosos e na espera para saber que surpresa seria.

Três dias depois Aureliano chega na fazenda acompanhado de uma moça de aproximadamente 25 anos e anuncia que a havia conhecido durante um cruzeiro pelo Caribe, tendo se apaixonado por ela e após três semanas pediu-a em casamento. O casamento foi realizado em alto mar, celebrado pelo capitão do navio.

Depois de refeitos do susto, os filhos e a irmã tentaram de todas as maneiras convencer Aureliano de cancelar o casamento, que consideravam uma loucura própria de alguém que ficou tanto tempo sozinho e, num momento de fraqueza se viu deslumbrado e enganado por uma aventureira.Mas nada adiantou, Aureliano estava convicto de que aquela mulher o amava e nada mudaria isto. Os filhos acabaram por se conformar, mas a sua irmã não se deu por vencida. Sempre que podia, dizia para o irmão:

-Essa daí só quer o seu dinheiro. Cuidado! A qualquer hora ela pode te envenenar e ficar viúva e dona de metade de seus bens, meu irmão!

De tanto a sua irmã lhe atazanar, Aureliano começou a ficar desconfiado que ela até podia ter uma certa razão e passou a se cuidar. Toda vez que ia comer ou beber alguma coisa que lhe era dado pela esposa, pedia que ela provasse antes.Apesar de todo estes cuidados,passados pouco mais de doze meses de casados, Aureliano agonizava em uma cama de hospital à espera do padre para lhe dar a extrema-unção.

Já nas últimas, mandou chamar ao quarto a sua esposa, pois queria lhe falar. Pediu que todos saíssem do quarto, pois queria ficar a sós com ela. Assim que ela entrou, fez um gesto com a mão chamando-a para perto da cama e perguntou:

-Eu sei que estou morrendo e que foi você que me envenenou. Eu só gostaria de saber como você fez, pois eu tomava tanto cuidado com tudo que comia e bebia.

A esposa, com um sorriso malicioso nos lábios, aproximou-se do moribundo e falou:

-Exatamente, meu querido! Você pedia para mim provar toda comida e bebida antes de comer ou beber. Só que esqueceu de um pequeno detalhe. Todas vezes, após as refeições, você escovava os dentes com aquela escova elétrica maravilhosa que eu lhe dei de presente de casamento, lembra? Pois então, eu todo dia colocava uma gotinha de veneno na escova!!!!