VOU FICAR FAMOSA NO YOUTUBE

Creio que tenho algumas facilidades para colocar ideias no papel, quando as tenho, claro. Sim, porque às vezes elas desaparecem da minha cabeça e eu fico danada da vida, quando se aproxima o dia de eu enviar meu texto para O Pioneiro. Nessas ocasiões, em respeito a você, meu leitor, que “gosta tanto do que eu escrevo” (Rs,rs,rs...), eu acabo republicando alguma crônica antiga, o que não é o caso dessa aqui.

Penso que meu gosto pela escrita vem dos muitos livros que eu li durante a minha infância e do “porrilhão” de cartas que eu escrevi na minha adolescência. Para os muito jovens, eu informo que houve um tempo em que a comunicação entre as pessoas não era tão simples. Na década de 60, em Linhares, quem não tinha linha telefônica, mas precisava de falar com alguém residente em outra cidade ou Estado, tinha de ir à Telest (próximo ao Banco Itaú, que, aliás, era o Banco do Brasil) e esperar que a telefonista fizesse a ligação. Isso nunca demorava menos de uma hora.

Outro meio de comunicação eram os telegramas (ensinar a redigi-los era assunto ensinado nas aulas de português) com suas tirinhas de papel colantes e seus códigos peculiares: VG significava “vírgula” e PT era “ponto”... Até hoje eu não sei se eles se destinavam a economizar dinheiro do remetente ou se era para poupar os dedos dos telegrafistas (sei lá se doía), já que se pagava por cada toque dado.

Outra alternativa comunicacional eram as cartas, e quem não viveu a emoção de esperar o carteiro passar, jamais conseguirá mensurar o quanto era bom. Eu adorava tanto escrevê-las, quanto recebê-las, por isso, na década de 70, eu anunciei na revista POP, que eu queria me corresponder com pessoas simples, alegres e inteligentes. Uma avalanche delas apareceu e, em dado momento, eu não fazia mais nada unicamente: acordava, estudava, comia, dormia... tudo respondendo às centenas de cartas provenientes de várias partes do Brasil e do exterior.

Hoje, quando os avanços tecnológicos e as lanhouses permitem que nos comuniquemos facilmente por meio de webcams acopladas em computadores, de e.mails, de páginas do Facebook, do MSN, do Skype.... eu nem sempre consigo falar ou ouvir as pessoas que ligam para o meu telefone celular e já explicarei a razão.

Tenho telefone fixo desde a época em que ter uma linha era sinônimo de ter dinheiro, mas como não paro em casa, quem quiser não me achar é só ligar para lá. Por meio do meu número, contratamos um plano da OI, que nos permite ter mais quatro linhas de celulares, todas com o final 1513, além de internet.

Ocorre que eu quase moro em duas faculdades onde trabalho: a Pitágoras de Linhares e a Faceli, ambas em locais onde essa operadora simplesmente me faz fazer o ridículo papel de quase subir pelas paredes ou de sair correndo a cada vez que meu celular toca, em busca de um lugar onde haja sinal favorável à comunicação. Eu me desespero tentando que, meu interlocutor perceba que não é sacanagem minha, que eu estou querendo ouvi-lo, mas sei que isso só será possível quando eu, finalmente, achar o bendito sinal e ligar (e aí o gasto é meu), em respeito a ele.

Se isso por si só já é ruim, acresça-se o fato de eu ser fotógrafa profissional e de, às vezes, perder serviço por essas razões. Posso simplesmente mudar de operadora? Posso, mas não farei isso logo, porque não considero justo penalizar alguém que ignore os problemas que causa. Bem, a justificativa da ignorância já não é válida, depois dessa crônica.

Espero que meu problema seja resolvido, mas se ele não for, vou me sentir no direito de pedir aos meus colegas de trabalho para me filmarem quando eu viro lagartixa ou tenho de correr como louca, falando alto, em busca de um sinal para atender os telefonemas. Depois disso, vou ceder o vídeo para as concorrentes. Se elas forem muito burras e não o quiserem, eu vou publicá-lo no youtube e deixar a galera fazer a festa por mim.

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 13/07/2012
Código do texto: T3775668
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