PARECENDO SER UM TOLO ENTRE OS ESPERTOS

Prólogo

Certo dia Eu conversava ao telefone com uma amiga e leitora (Luzia é como vou chamá-la). Na ocasião Luzia me segredava: “Sabe Wilson? Sinto saudade daquele poeta devasso que escrevia textos eróticos fortes, excitantes, que me fazia fantasiar, gozar, fazendo-me sentir mulher na plenitude da palavra e imaginar não existir violência, verdadeiras barbáries não apenas contra as mulheres, mas em desfavor dos seres humanos de uma forma geral”.

A amiga cortês Luzia tem sobejas razões para sentir essa ausência voluntária minha. A banalização da violência, da discriminação social contra os desprivilegiados das classes menos favorecidas da pirâmide social, a anarquia ostensiva da classe política, a desídia do poder estatal, enfim, toda essa lamacenta podridão está me contaminando, fazendo-me permanecer por mais tempo do que Eu gostaria nesse recrudescente e malsão estilo de escrever.

COMO PENSO E, ÀS VEZES, OUSO ESCREVER

Às vezes, em mim, na ocasião de lidar com as palavras, materializa-se a entidade agressiva (Característica de meu dicotômico Henrique), de temperamento beligerante, aguerrido, bronco ou tosco, sem papas na língua, hábil no ataque frontal, na ironia desmoralizante, no humor ferino, impiedoso, mas tudo sem vilipendiar os leitores discordantes.

Com o estilo difuso, mas contundente na forma e no conteúdo, esse meu Eu se digladia com as conveniências, a abrangência temática e a disposição para a correção do contexto. Por fim, vence o bom senso e o saber dosar da liberdade de expressão, o melhor uso da razão.

Claro que o ideal, no sentido de bem servir aos que me lêem e tendo em vista o desejo da centuplicação do número de leituras aos meus textos, é pensar, falar e escrever sobre amor, amizade, sexo, prazer, beleza, saúde, felicidade, bem-estar, direito, autoestima. Preciso sair dessa cabotinice e mesmice de querer ser “a palmatória do mundo” e consertar o que não tem jeito.

Quando escrevo sobre as idiossincrasias, isto é, sobre os traços peculiares do comportamento, do temperamento ou da sensibilidade de uma pessoa, um grupo etc., não o faço por vaidade ou por querer mostrar erudição desmedida, sapiência latente, mascarada por uma hipocrisia assomada de um meio social deturpado, ou por saber que os leitores não compreenderão inúmeras palavras inseridas no contexto. Faço-o por querer ser ou pensar estar sendo útil e necessário.

UM VELHO ADÔNIS NOVO

Aos sessenta e três anos de idade, com 62 kg corporais bem distribuídos, quando embarco no meu carrinho com o propósito de aquecer o motor e estimular o corpo indolente, com uma nova carga de adrenalina, ainda sinto um friozinho na barriga e o medo da excessiva velocidade, imaginando um pneu estourar ou um doido adolescente em cima de uma moto se atravessar em minha frente querendo bancar o Homem-Aranha. Nesses instantes percebo que sou normal, apenas um simples mortal, um velho adônis novo.

É assim que desejo permanecer. Não quero prender à mente pensamentos que teimam em se materializar na forma de palavras cruéis, escritos que desnudam o atraso de uma nação pobre, que respira em grandes haustos o mau cheiro das ruas com esgotos a céu aberto. Preciso reaprender e conviver sob a falsa proteção dos podres poderes e égide das leis benevolentes, cujo objeto principal é amparar a roubalheira deslavada, incentivada pela impunidade.

Até as minhas leituras também precisam ser repensadas. Sofri em demasia ao ler o período:

“No apedrejamento das mulheres no Irã, as pedras são escolhidas pelo tamanho. Por lei, não podem ser muito grandes para não causar a morte da vítima logo no começo.”. – (Mina Ahadi – Fugitiva do Irã quando o marido foi preso e assassinado pelo regime).

Essa é a dura realidade que preciso esquecer e deixar de escrever!

Provavelmente sou um nefelibata ou uma fraude contemporânea tentando me imiscuir em um mundo novo, embora antigo para os que são capazes de escrever ensaios, crônicas, novelas, biografias, contos, ficção, etc., sem o mínimo de erros em um desvão vetusto, com cheiro de mofo, frio e quieto de uma casa ou apartamento lúgubre, igual a minha mansão dos horrores existente na fértil imaginação de um cônscio dicotômico.

Não. Não quero e tampouco desejo ficar tranquilo até que as trevas da contemporaneidade se transformem em luz, ou mesmo essa quietude social se transforme em um choro lamentoso como o gemido de uma mãe que perde um filho pela desgraça da droga alimentada pela miséria humana e incentivada pela ausência estatal.

ALGUNS FRAGMENTOS DE TEXTOS – É ASSIM QUE ME QUEREM LER

“Hoje meus pensamentos são esses: "pelos púbicos femininos, macia selva que meu relicário tapeteia, onde o toque se aveluda, sensível manta que cobre e desnuda minha eterna e desejada morada."”. – TEXTO: Iniciação – 1ª Parte – Publicado em 16/08/2007.

“Silencioso, entreabro tuas coxas. Aninho-me no vértice sublime e relicário morno que asperge um cheiro alucinante, agradável e conhecido. As mãos fagueiras me conduzem lépido e trêmulo para o altar dos meus anseios.”. – TEXTO: Organismos em efusão – Publicado em 01/02/2008.

“Profana, devassa, absorveu todo o falo do homem que a alucinava com afagos complementares em sua cabeça oblonga, assanhando-lhe os cabelos longos, finos, molhados pela chuva implacável e tenaz.”. – TEXTO: ÊXTASE – Publicado em 17/07/2010.

“A grande verdade é que os animais de todas as espécies fazem sexo forte e não se machucam. Os seres humanos necessitam mais do que um sexo selvagem. Precisam de fantasias, muita imaginação e traquejo para realizá-las.”. – TEXTO: Um jantar especial – Publicado em 14/11/2010.

“Depois de ler este texto espero que os diletos leitores possam desvendar os mistérios que envolvem um testamento e possam, finalmente, saber como dispor de seus bens e proteger o seu patrimônio. Não há como abordar o tema testamento, sem, com isto, pensar sobre a realidade de um dia você vir a falecer.” – TEXTO: Bendita herança, às vezes, maldita – Publicado em 01/05/2011.

“O dono da herança pode deixar bens para quem quiser parentes ou não, mas, se possuir descendentes ou ascendentes vivos, não poderá deixar mais que 50%, porque estes 50% se constituem na legítima, que é uma parte indisponível da herança.”. – TEXTO: O Inventário e suas consequências – Publicado em 03/05/2011.

CONCLUSÃO

Sempre ouvimos dizer que a refeição mais importante do dia é o café da manhã. Enquanto o repasto é preparado as pessoas (maioria) vê, lê e comenta os noticiosos (jornais, revistas, TV, rádio etc.). Não faço isso! Essas notícias normalmente são ruins, fortes e perturbadoras. Antes de minha primeira refeição ouço uma música suave, relaxante, de preferência Enya (todas) ou Sons da Natureza.

Essas músicas são ótimas também para adormecer depois de ler algo do meu interesse profissional. O que se lê, ouve, vê ou comenta de ruim, logo cedo da manhã, não deve ser o alimento do espírito mais adequado. Isso não é fugir da realidade. Isso é procurar ter um dia que reflita a serenidade.

Programas como: “Brasil Urgente”, “Barra Pesada”, “Patrulha da Cidade” e inúmeros outros assemelhados. NÃO FAZEM BEM AO ESPÍRITO! Ao deixar de assistir esses noticiosos não estamos fugindo da realidade, mas sim buscando a tão sonhada paz que todos os seres humanos necessitam para serem mais produtivos e menos estressados. Os menos racionais e mais recalcitrantes haverão de dizer: “O livre-arbítrio deverá ser o regulador de nossas ações e expectativas e cada um sabe melhor o que lhe convém...”.

A televisão existe desde 1925, sendo que sua criação simbolizou um grande avanço no setor das comunicações. Esse veículo de informações e entretenimento evoluiu ao longo do tempo e hoje conta com um formato diferenciado, com uma programação variada para atender a todos.

Entretanto, alguns programas que fazem parte da TV abusam da exposição da violência, algo que seja capaz de incentivar a prática de atitudes ilícitas, principalmente entre os mais jovens. Foi devido a isso que uma lei passou a fazer parte da constituição, seu contexto obriga os programas violentos a terem classificação de idade e ainda serem exibidos em horários apropriados.

Ocorre que quase sempre os programadores conseguem burlar a lei para, de forma ostensiva ou subliminar, fazer apologia à violência que se apresenta de diferentes formas: Novela, notícia, comercial, lutas (“Ultimate Fighting Championship” (UFC) e outras), como também em um jornal. Por isso é importante os pais ficarem atentos ao que os filhos andam assistindo ou lendo, uma pesquisa revelou que 25% do conteúdo exibido pela televisão em três horas consiste em atos violentos.

Claro que não se pode olvidar a fiscalização permanente sobre o uso do computador. Crianças e adolescentes são e precisam ser curiosos. Os pais e responsáveis precisam ficar atentos ao que seus filhos vêem e/ou fazem no mundo cibernético que, por ser virtual NÃO ESTÁ isento de propagar e incentivar a violência e atos que enalteçam a concupiscência.

RESUMO DE MINHA CONCLUSÃO

Vou continuar tentando dar vasão às encomendas dos meus escritos. Seguirei um estilo diversificado. Farei um estudo criterioso para satisfazer aos leitores gregos e troianos. Vez por outra precisarei ler uma crítica mais forte para burilar minhas ideias antes de apor nos contextos que urdo com a pretensão de informar, divertir, incitar e excitar. Não quero mais ser considerado um misto de anjo e demônio para tornar minha palavra:

Magnética, licenciosa, embora considerada difusa, por ousar mergulhar na corrente do rio que representa o ser em êxtase, inseguro de suas potencialidades; impetuosa por usurpar pensamentos complexos, pontos nevrálgicos, metas intransponíveis e a deixar no cúmplice leitor a inquieta ideia de perseguir essa aventura orgástica, impudica, talvez pervertida, revelada de forma simbólica, subliminal, mas satisfatória e lírica para os que compreenderem minha pretensão.

Continuarei tentando ser uma luz difusa que se autorregenera pela força da paz que acredito ser possível alcançar, pela força da fé, porque vivo em eterna provação aceitável apenas porque, às vezes, creio ter e ser a força divina da natureza. Juro que não me importarei com esse tipo de notícia:

“Políticos brasileiros em número de 464.545 pediram o registro das respectivas candidaturas ao Tribunal Superior Eleitoral. O balanço foi contabilizado até as 16h30 de ontem (16/07/2012).

Desse contingente, 433.925 correspondem ao cargo de vereador; 15.298 querem disputar as prefeituras; e há ainda 15.322 postulantes ao cargo de vice-prefeito. O número definitivo será divulgado no início de agosto, após os Tribunais Regionais Eleitorais julgarem todos os registros de candidaturas. Diante desta quantidade de interessados, conclui-se que ser político deve ser uma coisa maravilhosa. Para eles... Claro.”.

Ah! Quero jurar, também, com os pés juntos e as mãos calejadas postas que não me perturbarei mais quando ao meu lado ouvir alguém dizer (Perguntar):

“Por que estudar tanto?”, “Por que ser honesto?”, “Por que trabalhar tanto, cuidar da saúde, praticar esportes, ser equilibrado, leal, sincero, discreto e verdadeiro; proteger a natureza, evitar o desperdício de alimentos e de água; reciclar o lixo, ser ordeiro, pacifico e educado; enfim, por que ser tão certinho, se a gente mais cedo ou mais tarde percebe estar sozinho e parecendo ser um tolo entre os espertos?”.

Minha simplória resposta: CONTINUAREI FAZENDO E SENDO TUDO ISSO PELA ELEVAÇÃO DA AUTOESTIMA, POR MIM MESMO!

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NOTAS REFERENCIADAS

– Papéis avulsos do autor;

– FONTE: www.espacovital.com.br;