Acredite se quiser...

ACREDITE SE QUISER...

Theo Padilha

Viveu em nossa cidade um rapaz que era muito quieto, muito solitário, quase não tinha amigos. Falava pouco. Gostava de andar bem vestido. E por ser uma figura fechada, gesto que irritava os outros, ele recebeu, não sei por que, o apelido de Rita. Não, não. Ele não era gay. Nem argentino.

Rita não trabalhava. Mas estava em todos os eventos de nossa cidade.

Certo dia ele foi até uma cidade vizinha. Santo Antonio da Platina. Ali chegando foi a uma agência de automóveis. Olhando os carros apareceu um vendedor. Querendo vender um carro.

─ Gostou de algum? – perguntou o vendedor todo sorridente.

─ Ainda não! – respondeu Rita.

Ele ficou admirado por tanta receptividade. Estufou o peito e perguntou:

─ Quanto sai aquele verdinho ali?

─ Cinco mil! Nós podemos parcelar para o senhor!

Era um fusca do ano. Rita aprendeu dirigir e pediu para dar uma volta para ver como era o seu novo carro. Simplesmente o vendedor só pediu o seu nome.

─ Só para colocar na ficha, qual é o seu nome?

─ Euclides Ribas de Oliveira! – respondeu o rapaz.

Era o nome de forte comerciante de Joaquim Távora. Se o vendedor consultou. Era gente fina. Então Rita assinou uns papéis e se mandou com o carro para Joaquim Távora. Na cidade ele passeou para tudo que era lado. Andou por todas as ruas. Curtiu o fusca durante uma tarde inteirinha. Os invejosos quase caíram de costas.

─ Olha lá! O Rita tem dinheiro para comprar carro?

Acho que por causa do olho gordo dessa gente, o próprio Dinho (Euclides Ribas de Oliveira) saiu no encalço do rapaz Ele já tinha sido comunicado pela agência. Agência essa que era de seu cunhado. Então Rita devolveu o carro. Saiu ileso, pois nem foi preso. Acreditem se quiser!

Joaquim Távora, 18 de julho de 2012. By Theo Padilha©

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 19/07/2012
Reeditado em 21/07/2012
Código do texto: T3786021
Classificação de conteúdo: seguro