INCÓGNITA
O tempo para a ouvir
O lamento de um jovem rei
Os ouvidos do tempo vão zumbir
Dos segredos do rei que é frei
Como rei ostenta riqueza
Se frei demonstra pobreza
O rei gostaria de na vida
Ser somente um pai de família
Mas ele não sabe
O que é viver no anonimato
Sem nunca ser mencionado
Nem tão pouco ovacionado
Coitado do rei frei
Que seja frei rei
Podendo estar nos dois extremos da vida
Nos dois estados: materializado, espiritualizado.
Sempre no máximo e no mínimo.
No oposto com gosto
Ainda tendo a oportunidade
De passar-se por simples
Camponês ou operário
Quem sabe?
Onde o rei viveu?
Na França de Luiz XVI?
Portugal?
Brasil?
Ninguém sabe
Ninguém viu
Mas sabemos
Que existiu
Frei rei, rei frei!