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Precisei ir a Ilhéus, no Itaú. Aconteceu de tudo para atrasar a data desta viagem. Desde mal tempo, até Bob ter constantes recaídas. Embora sejam só 70 km, mais ou menos, demora perto de duas horas, o percurso. O ônibus vai parando pelo caminho. Mais o tempo que gastaria com o banco, com certeza perderia umas seis horas, dando tudo certo. ... ... ... Como se alguma coisa pudesse dar certinho, em minha vida!!! Como a gente se ilude, né?
Vamos lá: apresento-lhes as “Desventuras em Ilhéus”.
Chamei um amigo pra ir comigo, na intenção explícita de ter companhia. Ele é candidato a percussionista no espetáculo que pretendo montar. Imaginei que a viagem seria uma excelente oportunidade para conversarmos sobre o projeto. Marcamos de pegar o ônibus das 9hs. Oito e meia, eu já estava lá, depois de ter feito uma maxi maratona dentro de casa, pra deixar tudo em ordem. Comida, água, os três remédios de Bob. Antes, claro, já tinha feito uma longa caminhada para cansá-lo. Enfim, estava exageradamente ansioso, até mesmo para meus padrões, já estratosféricos!!! Mas, achava que tinha que ir. Precisei ligar para o amigo, pois ele não chegava. Tive que pedir para o motorista esperar um pouquinho. Ele chegou de bermuda, apenas. Camiseta, tênis e meia, nas mãos. Foi quando me dei conta, que havia me esquecido de por as sandálias de correia. Estava de havaianas! Gelei de vergonha. Esbofeteei-me mentalmente, e, entramos no ônibus.
Ele sacou do celular, depois de “dois dedinhos de prosa” convencional, e se pôs a teclar... Desconectado... Com pouca bateria... Claro, que até uma anta como eu, já teria percebido, que o cidadão não estava a fim de conversa. Descemos em um mercado “Malhadão”, pegamos uma condução “ilegal” até o centro. Quatro passageiros atrás, socados. Na frente, o motorista, mais uma senhora com uma criança de uns cinco anos.
Surpreendentemente, meu amigo não sabia, também, onde ficava a agência. Saímos perguntando e chegamos. Fila do lado de fora. Agência abriria em minutos. Ele foi procurar material de barbearia, para seu trabalho. Umas dez pessoas na minha frente, para serem atendidas pelas mesas. Depois de chamarem a primeira e, esta sair, ninguém mais foi chamado. Ficamo-nos olhando, sem entender direito o que acontecia. Depois de uns quarenta minutos, um dos atendentes veio nos avisar que o sistema (famigerado) estava fora do ar e que não poderiam precisar o tempo da volta... Olhei para as câmeras do espaço e pensei: é comigo, né?! Ai, ai, ai, ai! Recrutei, rapidamente, Tico e Teco para esta emergência. Em vão!!! Eu, que costumo tentar pensar em tudo que possa dar errado. Esqueci deste tétrico detalhe. Resumo: esperei duas horas. O sistema não voltou. Saí bufando. O outro também não conseguiu encontrar o material. Resolvemos ir à uma praia tomar cerveja. Lembrei-me que tinha visto uns quiosques agradáveis na Praia do Pontal. Decidimos que iríamos de mototaxi. Ele combinou o preço e conseguiu um pequeno desconto. Não sabia que era tão longe... No caminho fui conversando com Daniel – figuraça – que não gosta tanto assim de sua cidade... Peguei o cartão pra ligar de volta. O tempo na praia foi o oásis da viagem. O amigo ficou paquerando a coroa ao lado, ao ponto de ir tomar uma chuveirada, sem ter entrado no mar, devido ao vento, apenas, para desfilar de sunga para a mulher, que, por sinal, não caiu na armadilha!!! Kkkkk  - Fiquei admirando o mar... Adoro! Na hora de irmos embora, já com o tempo estourado do que havíamos imaginado, ligamos. Uma hora e quarenta e cinco minutos, mais duas chamadas, visivelmente estressados, subimos nas motos, pelo dobro do preço da vinda!!! No caminho nos separamos e nos perdemos. Ele ficou no Malhadão e eu fui parar na rodoviária, conforme, o rapaz e eu entendemos do que havia sido combinado.
         A viagem de volta demorou duas horas e quinze. Paramos em todos os kms, aparentemente...!!! Atravessei a rua correndo, de volta pro meu mundo. Bob, de nervoso de ficar sozinho, arrancou todos os pelos em volta do toquinho que tem, em lugar do rabinho. Ainda estou tratando. Ele está alucinado com o colar, que, por sinal, não está resolvendo muito... Olhem, eu sabia, intimamente, que não era para ir... Mas, tentei atender à burrocracia que tanto prego contra. Dancei! Estou pagando até agora, Bob e eu.




Continua, em poesia, no link abaixo:
http://claudiopoetaitacare.blogspot.com.br/2012/07/desventuras-em-ilheus-pobreza-total.html




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Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 28/07/2012
Código do texto: T3801608
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