MEU ADORADO TIO LAERCIO - 2 -

CONTINUAÇÃO...( meu adorado tio Laercio -2-)

Um pouco antes da Segunda guerra mundial terminar, meu pai, voltou para o Brasil, voltou para a cidadezinha do interior paulista, voltou para o seu lar, nossa casa. Em confronto direto com os temidos alemães, ele fôra atingindo por uma granada, e ficou com uma das pernas, muito quebrada, sendo julgado pela junta médica, que o tratou, em vários hospitais das tropas aliadas, julgando-o incapaz, para os serviços militares, e assim foi para a rerserva, com honrarias e medalhas, diplomas vários, e tornou-se um simples "civil", deixando de ser um militar efetivo.

Na sua chegada na cidadezinha, naquela época, foi um dia de festa. Desceu do trem que o trouxera, veio andando com dificuldades até o ponto principal da estação ferroviária, onde as autoridades militares, civis e eclesiásticas, e a bandinha musical da cidade o aguardavam com discursos, musicas, abraços, inúmeros abraços e muitos elogios e regosijos...Lembro-me do discurso do Diretor de nossa Escola, o mais entusiasmado deles e o mais longo...

Claro, nós seus familiares estávamos todos lá, e no meio deles, meu tio Laercio...Eu um pequeno menino ainda, abraçado ao meu pai, ouvi-a o dizer baixinho , " - não precisa isso! " " - pra que essa manifestação toda? "

"Eu estou muito cansado! eu quero ir pra casa! estou cansado! quero ir pra casa!!!"

E assim foi feito, uma vez em casa, teve vida normal e era muito amigo de meus tios e de meu avô.

Bem! mas não vim aqui para falar de papai, vim para falar do tio Laercio, e então lembro-me de muitas coisas vividas por ele e por nós seus sobrinhos/filhos!

Tio Laercio era um líder nato, desde menino era o "chefe" - lugar tenente - de meu avô Renato, seu pai, ajudava na administração nos negócios das fazendas de vovô.

Sabia de tudo o que ocorria nelas...Tinha uma memória dessas chamadas memória de elefante, não esquecia de nada e sabia tudo em mínimos detalhes, uma cabeça privilegiada...

Assim fomos crescendo e nos engrandecendo nessa lida de ruralistas...

O seu sobrenome lhe dava uma imensa responsabilidade, de ser um homem digno, correto, honesto e respeitado na nossa sociedade...

Deixára a escola no primário, precisava ser o grande gerente das coisas e negócios de vovô...coisa essa que o ocupava muito...

Apaixonou-se por uma única moça, a qual tornou-se sua esposa, amiga, e conselheira, dando-lhe filhos maravilhosos...Tia Odila, filha de fazendeiro abastado, numa cidade vizinha da nossa.

O namoro era dificil, pois as fazendas ficavam um pouco distante, mas nada impedia o amor dos dois, que viviam afastados pelas distâncias, mas não pelo coração...

E tio Laercio, após cumprir as obrigações, montava no "Dourado", um cavalo rápido e muito forte, e corria para lá, atravessando porteiras e mais porteiras das fazendas, de conhecidos amigos, ia para lá, na fazenda "Sete Voltas", para ver tia Odila... Bons tempos em que para namorar se ia a cavalo...ah! coisas do tio Laercio!

Chegado o dia do casamento dos dois, a "lua de mel", naquele tempo, ia ser na fazenda "Monte Tabor", aonde o casal se instalaria de vez, para administrá-la também.

Adivinhem o que meu tio Laercio fez, pegou eu e meu irmão dois anos mais novo que eu, para acompanhar o casal, nessa "Lua de Mel" um tanto diferente! seriamos seus convidados de honra! imaginem só isso!

Assim é que fomos com eles, até um trecho da estrada, de carro, um antigo Fordinho, até aquele ponto da viagem, onde nos aguardavam dois animais, vindos da fazenda e que ali estavam nos aguardando, para prosseguirmos viagem a cavalo.

Tudo verificado certinho, meu tio subiu num deles e fez subir na "garupa" o meu irmão mais novo, foi acabar de subir e o bicho danou a pular e empinar...meu irmão, não conseguia parar em cima do animal.

Logo a seguir, meu tio com sua voz de mando, chamou-me:

" - venha cá renatinho!" você é mais fortinho, vamos amansar esse animal de garupa também"...

Pulos e mais pulos, desabalada carreira, e o bicho ficou quieto, com nós dois em cima dele, e assim foi feito com o outro também, isso mesmo! tudo em dose dupla...olhem só, como pode isso !!

Assim, com os animais amansados de "garupa", seguimos felizes os quatro, rumo à fazenda "Monte Tabor", naquela estradinha de chão, em meio a floresta, campos verdinhos, cachoeiras, e ribeirões, e o barulho dos cascos dos cavalos, e a cantoria dos pássaros, numa manhã muito ensolarada, de céu muito azul, respirando um ar purisssimo das montanhas...rumo à felicidade!

(continua)...

jorê

jorê
Enviado por jorê em 29/07/2012
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