O REFLEXO E A REFLEXÃO

SÁBADO, 30 DE MAIO DE 2009

O REFLEXO E A REFLEXÃO

Outrora existiu no Brasil um personagem político chamado Capistrano de Abreu que, lá pelos idos de 1907 ou 1908, preceituava que a Constituição Brasileira deveria ter um artigo e um parágrafo: o artigo dizia: "Todo brasileiro tem que possuir vergonha na cara"; e o parágrafo dizia: "Revogam-se as disposições em contrário".

Estamos comemorando mais de cem anos de uma posição muito avançada para aquela época (ou será que não?). No entanto, observo que o povo brasileiro anda aquém do que se esperava e se espera dele.

Destarte, aproveito esse espaço, bem como a assertiva aqui colocada, para sugerir a algum deputado ou senador a seguinte proposta: constituir uma lei que obrigue a cada um dos brasileiros, adquirir um espelho no tamanho da sua própria altura. Concomitantemente, este brasileiro deverá ser obrigado olhar-se nesse espelho, pelo menos duas vezes ao dia: ao acordar e momentos antes de dormir. E deverá mirar-se diante dele por, no mínimo dez minutos.

É claro que a maior parte dos leitores está se perguntando o porquê disso, bem como para quê isso, não é? Respondo: há a necessidade de o brasileiro ver-se de corpo inteiro refletido num espelho que é para ter a percepção exata de sua pequenez. No aspecto físico, pessoal, mental, profissional e moral.

Naturalmente, tenho a noção exata do espanto que estou causando a todos. Mas a intenção é exatamente essa. De tudo que leio, vejo e ouço, tenho a perfeita visão da falta de visão do brasileiro (e peço desculpas pelo trocadilho).

Senão vejamos: pagamos as maiores cargas de impostos do mundo; temos os piores serviços públicos do mundo; somos enganados por todas as multinacionais aqui instaladas, com qualidades, tanto de materiais quanto de serviços, as piores possíveis; temos os piores políticos do mundo (desonestos, corruptos, aproveitadores e mentirosos); temos a maior falta de respeito de uns para com os outros no nosso cotidiano; vivemos num círculo vicioso de mentiras, enganações, oportunismos, etc...

O ESPELHO deverá ser usado além de 10 minutos diários (sugere-se 30 minutos, por exemplo) por todo aquele que trabalha no serviço público (seja qual for o seu nível, seu cargo, sua função e até sua importância).

Neste caso, todas as pessoas envolvidas deverão fazer uma auto-análise, no sentido de se localizar no tempo e no espaço, com relação às suas responsabilidades no que se refere ao baixo nível dos serviços prestados ao cidadão contribuinte. Se o seu órgão onde trabalha apresenta deficiência (seja ela qual for),deve conscientizar-se que também o fato dela existir tem a sua culpa. E não atribuir só ao presidente, governador e ao prefeito ou ao diretor ou qualquer responsável pelo referido órgão que sejam eles, sós, os culpados pelo descalabro na sua área de atuação e trabalho. É mister que cada um dos senhores se olhem no ESPELHO, com o fim de enxergar-se, também, do lado de cá do balcão. Garanto que, se tal atitude for tomada, muitos dos problemas pelos quais passa a população, serão eliminados e, na pior das hipótese, diminuídos.

Outro tipo de gente que deverá passar pelo mesmo processo de se olhar no ESPELHO por, no mínimo, 30 minutos é aquele que é detentor do título de "doutor". E aí se inclui todo aquele que possui o tal de nível superior (apesar de nem todos os que tenham curso superior possam ser chamados de doutor, é claro!).

Há a necessidade de que esse tipo de pessoa mire-se ao ESPELHO por um tempo mais demorado do que àquele destinado aos demais . E porquê isso? Pelo simples fato que uma enorme quantidade dessas pessoas não ter aptidão, conhecimento, prática e, porque não dizer, vontade em ser um bom profissional, independente de sua formação. Quem lê jornal, ouve rádio e vê televisão, sabe muito bem do que estou falando. Todos os testes, provas e exames praticados pelos órgãos fiscalizadores das profissões relativas ao nível superior, constatam e comprovam o baixo nível dos profissionais que estão aí à disposição da população. Entendo que depois de se mirar ao ESPELHO por uma hora (um tempo excelente), a maior parte delas poderá observar-se (caindo na real) e tentar mudar seu rumo de atuação, priorizando o bom atendimento ao seu próximo e respeitando-o, que é o mínimo que se espera dessas pessoas.

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 30/07/2012
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