Arrependimento não mata

Mas dói. E como dói...

Me pegaram num dia no qual eu não tinha inspiração para nada. Nem para opinar. A última coisa que eu queria naquele momento era responder alguma pergunta que começasse com “o que você acha de...”. Pois eu tinha que responder uma pergunta dessas. E realmente eu tinha algumas reclamações a fazer, mas os argumentos fugiram de mim.

Se todas as respostas das perguntas se resumissem às alternativas ótimo/bom/regular/ruim/péssimo, as coisas poderiam ficar mais fáceis naquele momento. Não só para mim, mas para todos os meus amigos que também tinham que responder o questionário. Havia o que dizer, mas como dizer?

Mesmo sem saber como colocar no papel aquilo que estava na cabeça, peguei o papel e o encarei, pensando que na hora ia surgir uma forma de expressar exatamente o que eu queria dizer. Essa forma não apareceu. E o tempo corria. Eu queria ir embora. Escrevi algo que não era exatamente aquilo que eu queria, mas não havia nada melhor, então ficou assim mesmo.

Naquela hora, seria bom se tudo se resumisse àquelas cinco alternativas. Me pouparia o incômodo do arrependimento de ter escrito o que não devia. Na minha cabeça, tinha uma voz dizendo que algumas palavras não deviam ter sido escritas. Se fosse possível voltar no tempo, com certeza essas palavras estariam cortadas e não haveria aquela dor chata na consciência, a preocupação daquilo se estender e virar uma confusão de verdade.

No fim da história, percebi que estava fazendo tempestade no copo d’água. As reivindicações feitas foram atendidas e minhas três frases escritas a lápis não tiveram as conseqüências maiores que eu estava imaginando. Esse deve ser o problema de se levar muito a sério, e se eu pudesse, seria diferente. Mas há coisas que simplesmente não mudam, temos é que conviver com elas.

E eu ainda acho que existem certas perguntas que só podem ser respondidas por ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo. Porque se acrescentar mais alguma coisa, vira redundância.

Evana Ribeiro
Enviado por Evana Ribeiro em 27/07/2005
Código do texto: T38119
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