BRASÍLIA por Paula Cassim, esta que vos escreve

Brasília é exatamente como me contaram. A impressão que dá é que é uma cidade desabitada, onde as pessoas estão apenas de passagem. Cheguei na quarta de manhã e fui embora no final da tarde de quinta-feira. Fui à trabalho, minha gente! Para começar, aquela história de que o clima é seco é tudo verdade. Para quem, assim como eu, sofre de sinusite é um clima bastante convidativo pelas pessoas que lhe odeiam. A cabeça dói o tempo todinho, a garganta fica seca, dá a impressão que você está sofrendo pressão no nariz e tudo isso não é exagero. É um calor muito forte, um sol muito forte, mas sem vento, sem ar, sem nada.

Eu estava contando os segundos para conhecer a Esplanada. Onde já se viu um profissional do direito que não gostaria de conhecê-la? É tudo muito emocionante. Mas Brasília se resume à aquilo e ponto. Andei de táxi, andei de metrô, andei de ônibus. A idéia era fazer meio que um comparativo de tudo de lá com tudo de cá. Um comparativo do incomparável. Confesso que passei por muitos lugares e não vi NENHUMA padaria, NENHUMA farmácia. Eu disse NE-NHU-MA. Tudo o que você precisa está dentro dos milhares de shoppings espalhados por lá. Se você parar um táxi e perguntar onde encontra *tal* coisa, ele vai virar e dizer: “no shopping”. Conheci alguns shoppings, são bonitos e grandes como os daqui e possuem algumas lojas bem diferentes, mas os preços são bem equivalentes. A segunda maior emoção, for ler na plaquinha do metrô os destinos “Ceilândia” e “Taguatinga”. Me vi praticamente sentada no mesmo banco que um dia João de Santo Cristo sentou, antes de ser cruelmente assassinado pelas costas por Jeremias. Para quem tem Renato Russo, como psicólogo, aquilo foi um prato cheio. Na quinta, Brasília recebeu duas grandes personalidades. A Rainha da Jordânia e EU. As visitas em boa parte da Esplanada estavam suspensas e então, eu tive que erguer minhas manguinhas e fazer por onde, afinal eu não ia deixar aquela incrível cidade sem adentrar-me na casa do povo: O plenário. Sim. Aquele lugar onde os senadores votam que aparece na TV Senado e na TV Câmara, sabe? Resumindo, conversa daqui, conversa dali, eu finalmente consegui pisar no solo sagrado. Pisei, fotografei, filmei, fiz pose sentada na cadeira do líder do PV, tomei sol em frente aos *pratos* (prato côncavo, que representa o senado e o prato convexo que representa a câmara dos deputados), e andei como nunca em toda a minha vida, de norte à sul, naquele calor infernal. À noite fui até a casa do Companheiro Lula. Casa? Aquilo ali deve ter, no mínimo, uns cem quartos. Quando você entra na *estradinha* com destino a morada do mesmo, começa a ler placas sinalizadoras: “área presidencial”. Logo adiante, um festival de placas “área de segurança”, vão surgindo em sua frente, dá uma tremenda impressão de que a qualquer momento aqueles carros do exército dos meus queridos brimos vão saltar e nos fuzilar. Até que enfim a mansãozinha surge com um enorme lago que a separa da estrada. Muito iluminado e muito bonito. Brasília é um lugar muito emocionante em meio as suas curvas arquitetônicas, milimétricamente projetadas. Fato que tudo lá é longe, para tudo você necessita de um carro e o clima lá é quente e seco. Uma cidade para visitar, para estar de passagem, morar lá só para loucos. E que me desculpem os loucos, mas todo brasileiro deveria, numa primeira oportunidade, dar um pulinho até lá. E todo estudante e profissional de direito precisam reservar um dia para apreciar uma rica aula prática naquele mágico lugar. Para quem gosta, é sem dúvida um passeio inesquecível.

Paula Cassim

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