inevitável crônica

Retorno a Curitiba depois de perambular por mais de mil Kilometros entre o norte do Paraná e serras e praias daqui e dali.

Perco um pouco a noção do tempo quando rodo muito.

Perco um pouco a noção de mim, talvez.

O fato é que reencontro meu canto, com um prazer maior. Como se ali estivesse eu mesma a minha espera.

Espelhada em meus afazeres, desfeitos na alfazema dos seres que me variam.

Estes vários eus que se diluem entre um livro e outro na estante, entre uma e outra tecla do piano ou deste teclado do computador.

Conto para um deles, destes eus vários, como foi bom ter ido para um lugar em que tinha sol o tempo todo, e pássaros e estrelas. Mas que também adorei a chuva no caminho de volta.

Ele me olha perplexo, e reencontro um jeito meu de olhar. Um deles.

Reencontro a rotina em que fico ensimesmada na perplexidade do cotidiano, e vislumbro a fadiga.

Anseios desdobrados em ansiedades.

Cidades abstraídas nos pigmentos de uma imagem renascentista, ou no jpeg da tela surrealista.

São tantos eus, que desisto.

Rocio Novaes
Enviado por Rocio Novaes em 14/02/2007
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