Medo?

Uma coisa que dificilmente sinto é medo.
Este defeito tenho desde criança, nunca bicho papão, saci,bruxa me amedrontaram, filmes de terror não me abala nem abalaram,sempre tive certeza de que eram mentira, apenas filmes.Sabe como evitar o medo ao assistir tais filmes?Tire o som!
Sei que não ter medo não é muito normal, como não é normal fazer o que eu fazia como brincar de pique esconde em covas e atrás de túmulos em cemitérios, gente morta nunca me impressionou. Juliana uma empregada da fazenda de meu avô,gostava de contar “causos” que ela achava assustadores,como fantasma,lobisomem,
eu apenas achava graça,ela ficava frustrada...Só lagartixa me assusta!

Quando o medo se aproxima,luto com ele o provoco e desafio a mim mesma, procuro racionalizar ,usar a  lógica,busco entende-lo e acabar de vez com ele.
Mas,um fato me alertou sobremaneira, então percebi seu poder de destruição,  foi quando vi minha sogra ao saber da morte do filho se desesperar,seus gritos  não pareciam humanos.
O medo então se apossou de mim, um temor indescritível, senti verdadeiro pavor ao me colocar no  lugar dela,eu morreria com certeza  se algo assim acontecesse  com um dos meu filhos.
A consciência de que era possível que o mesmo poderia se  passar comigo, sem que eu pudesse encará-lo gelou meu sangue,ele caiu como uma bomba sobre mim, e assim persistiu por algum tempo, depois aos poucos foi amainando...
Talvez tenha sido intuição, não sei, mas mal sabia eu que muito em breve passaria pela mesma provação, pelo desespero de perder um filho adulto de modo inesperado. Se sentir enlouquecer de dor pela impotência diante do susto, do medo e da surpresa da morte.
Imagino o que sofreram as mães que morreram  “por dentro” ao verem os filhos se encaminharem para a morte,quando foram assassinadas,já não estavam mais vivas...
 
Meu único medo é que algo de ruim aconteça  a meus filhos e a minha família que a duras penas se manteve viva e unida,  quanto aos outros medos simplesmente esqueço que existem...
 
M.H.P.M.
 
 
Helena Terrivel
Enviado por Helena Terrivel em 09/08/2012
Reeditado em 09/08/2012
Código do texto: T3821706
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