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O Grande Ícone da Inconveniência 
 
 
         O ego é aquela coisa inconveniente, que existe para sustentar nossa vida no raso. É traiçoeiro e vulgar, doido pra ter um nome e um par... Para pisar, tripudiar, socar, amarrotar, e, depois despejar no rio Tietê, em plena marginal, os detritos!!!
                   O pior do ego é a necessidade de domínio!!!
                   Parece que não há prisão que detenha o mal feitor. Basta uma distração da mente consciente, e lá está ele, passando à frente, desviando-nos do bom senso!!!
                   Bem, chega de enrolação, vamos à crônica. Sempre fui ciumento. Hoje reconheço, que, além das medidas, com tudo e, com todos. Tinha ciúme desde os pais, até os discos. Embora sempre acabasse emprestando e, perdendo... Eis a verdadeira razão da pane emocional: a possibilidade de perda. Até parece, que eu poderia imaginar os níveis estratosféricos, a que chegaria neste assunto. Tem um detalhe em minha história, que não vejo muito em outras. O mais normal é a pessoa passar por fases. A tal roda da vida... O movimento da existência, em si! Encerra-se um assunto, troca-se de via e, pronto. Voltamos ao processo. Comigo se deu o mesmo, só que sempre com a impressão de que alguns assuntos, absolutamente, não foram encerrados. Alguns, não se encerraram, até hoje. O que aconteceu, foi que com a “maturidade”, na qual mergulho vez ou outra, aprendi a conviver com eles.
                   A impressão que tenho, que ficou, atravessou toda a minha vida, é que a qualquer momento, determinado fator se materializaria, surpreendemente se realizaria. Vou dar só um exemplo: o canto. Cantei muito. Cantei a vida toda. Cantei em teatros, em casas noturnas, em restaurantes... Mas, a minha carreira musical, como eu sonhei, idealizei, busquei, pedi, rezei, implorei, não aconteceu. Mas, também, nunca me deixou sem qualquer esperança. Eu seguia, acreditando, que dali a pouco aconteceria. Entenderam? Sempre foi uma certeza em minha alma. Não, não era coisa da personalidade. Ao contrário, a personalidade, só atrapalhou. Minha voz precisaria, mereceria, que eu tivesse sido mais corajoso, bem mais audacioso. Ao invés disso, vivia achatando-a para que fosse aceita. Ainda tenho resquícios asquerosos desta insegurança crônica, que sacrificou muitos momentos bons de minha vida.
                   O tal do ego falhou em tudo. Tanto, quando era pra aparecer, como também, quando não era bem vindo. (A maior parte do tempo). Continua falhando. Pego-me enroscado em passos da vida prática, cotidiana, aparentemente, para as outras pessoas, simples! Entretanto, para mim... ai, ai!! Uma complicação! Um drama! Um extremo sacrifício!!! Por outro lado, em meu ofício, tenho que me segurar para que minha ousadia não me deporte  para outra dimensão...!!!
 
 
 
 
 


 
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Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 10/08/2012
Reeditado em 10/08/2012
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