DOS CARNAVAIS DE OUTROS DIAS

Já não se faz carnaval como antigamente: e olha que não o conheci nem a ele fui apresentado. Na minha tenra idade, presenciei um ancião carnaval, em breve sepultado pelos modismos de hoje em dia.

Outros tempos. A malícia não era a “senhora”. As canções, marchinhas falavam de amor e de alegria. Os clubes de pronto, nos dias de momo, eram assaltados por foliões sedentos de festa. As ruas, passarelas imensas e pequenas para troças, blocos, agremiações, orquestra. A paz era inebriante. Havia respeito. A meta era aproveitar, viver, se alegrar. Não era necessário o ardor entorpecente, mas um só pensamento movia-se aos sons das orquestras de frevo.

Nos dias atuais o Carnaval cedeu seu vigor a um bando de foliões assombrados com a violência, entorpecidos por todo tipo “lícito” ou não de droga, inebriados em orgias sem fins, atrás de canções que não falam de amor e sim de sexo... Não é mais Carnaval. É uma festa qualquer.

Pode o leitor (a) atento se questionar: “Este que escreve parece que não acompanhou os tempos... tudo mudou! É a modernidade! Temos que acompanhar!”

Responderei: certo! Os tempos são modernos, mas os valores deveriam ser perpétuos por gerações inteiras. Não cair num vazio obscuro e sem rumo certo. Talvez é isso que se vive.

Sim, desejaria experimentar os carnavais de outros tempos. Grandes tempos, talvez! Que confirmem quem obteve o privilégio de contar histórias deste tempo!

Pelas canções, pela alegria, pelo acervo em vídeo pode-se facilmente perceber a alegria singela nos rostos simples: desterrada pela malícia insensível e imprevisível das modas dos atuais dias.

Ouço ao longe o clarim último de “momo” sepultado pelo tempo...

No tempo que retirou a alegria do tão simples Carnaval!

José Batista Neto