Apenas um cãozinho no parque.
O cachorrinho corria bonitinho, abanando aquele rabinho pequenininho. Pretinho, corria empinadinho, corria e corria. Cheirava cada aqui e cada lá, tonteava, olhava rápido o céu e corria outra vez. Corria, soberano, arrumado, lustroso e cheio de charminho.
Parou bruto, ergueu a patinha de dedinhos gordinhos e soltou um mijo fedido. Arranhou, vão, a calçada de pedra, empinou o focinho e correu outra vez. Correu, correu adulto de si, seu dono próprio, correu sem limites, dono do mundo e das cadelinhas – todas. Livre, era ele, livre!
Cansou, o cachorrinho pequenininho. Sentiu enfim o peso da coleira e o afago do dono – não era, há pouco, livre? Entregou-se ao colo e comeu seu prato-feito feliz, supremo e livre daquele peso outra vez: já era forte acostumado uma vez mais, recuperado do cansaço que a liberdade pregou-lhe brevemente.
Deu uma cagada feliz e dormiu inocente. Logo acordaria e o peso da liberdade esqueceria outra vez.