ZONA NORTE, ZONA SUL

A sinonímia de um vocábulo pode abranger diversificado campo semântico. A palavra “zona” vai além do que lhe define a delimitação de um espaço físico, geográfico, e as características da região a que pertence.

Zona, do grego ‘zóne’, = cintura, pelo latim “cinta”, “faixa”. Pode-se dizer também ponto, local. Nos limites de cada zona estão os seus significados, e suas conotações pejorativas ou não.

A Zona Portuária difere da Zona Militar, que é diferente da Zona Franca de Manaus. A zona Glacial se opõe à Equatorial, assim também como a zona do meretrício.

Zona é uma palavra que dá sentido ao que nela se situa. E nos pontos cardeais ela indica, nas grandes cidades, classe e condição, que se traduzem em bairrismo.

O belo Rio de Janeiro é o nosso exemplo maior e mais autêntico. Marcado por contrastes, o título de “Cidade Maravilhosa” parece restringir-se aos limites da Zona Sul. É como se o belo, bom e valioso só aí se concentrasse. A Zona Norte é o espaço popular, supostamente habitado pelos menos favorecidos. E por assim o ser, desprestigiado. Essa é uma divisão que separa o Rio de Janeiro em duas cidades. A maravilhosa Zona Sul e a "suburbana" Zona Norte.

Esse termo suburbano é bem típico do carioca, como distintivo pejorativo, preconceituoso e segregador. Quem mora na Zona Sul esnoba os habitantes da Zona Norte e estes, por sua vez, sonham ascender financeiramente para socialmente pertencerem à chamada área nobre. Os cariocas são acolhedores, simpáticos, bem humorados, mas bairristas com sua própria gente. Zona Sul é requinte, padrão de vida, sinônimo de  morar bem, seja numa cobertura ou num cubículo em Copacabana. Mas o morro é o contraste mais visível entre essas zonas. E parece ao visitante o que há de mais carioca.

Moro numa cidade que não tem zona. Brasília tem asas. E as Asas Sul e Norte não têm essa distinção bairrista e preconceituosa. Há certo equilíbrio em toda área do Plano Piloto, embora curiosamente se perceba na Asa Norte melhor infraestrutura, por ser mais recente, e com blocos mais novos que a Asa Sul. O que se avizinha da área central não são bairros, mas cidades, onde muitos dos que nelas residem não moram no Plano Piloto porque não querem. São empresários bem sucedidos ou de outros ramos, que se estabeleceram em cidades como Taguatinga, Gama, Ceilândia, que se tornaram economicamente independentes. Sabe-se, contudo, que “O Rio de Janeiro continua lindo”. E que as zonas que o divide jamais lhe tirarão o título de Cidade Maravilhosa, agora, de norte a sul, Patrimônio Cultural da Humanidade.


LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 15/08/2012
Reeditado em 15/08/2012
Código do texto: T3832023
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