DO ALTO DO ARRANHA-CÉU

Do alto do arranha-céu vejo formigas disfarçadas de gente. Umas de motocicleta, outras estão em alta velocidade, dentro de carros importados. A pressa é a mesma, desde La Fontaine.

Do alto do arranha-céu eu não vejo teus pensamentos. Se há qualquer resquício de inteligência eu não sinto isto. Todas as formigas parecem autômatos que agem e reagem como que por programas pré-determinados.

Do alto do arranha-céu eu descubro minha pequenez e faço lá o meu ninho, neste formigueiro. O mundo é muito maior no ar, da terra vejo apenas o rodapé de luzes enfeitando a noite. Durante o dia apenas a poluição enfeita a paisagem, destruindo a nitidez que os meus olhos cansados já perderam há muito. Eu apenas descubro as células vivas do mundo quando tenho em minhas mãos uma Pentax profissional.

Do alto do arranha-céu eu fico planando, flanando, voando porque tenho asas internas e enquanto fico ali me equilibrando o mundo gira, tudo muda de lugar, menos eu que continuo o mesmo, preso dentro de minhas dimensões...

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15.08.12

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 15/08/2012
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